UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Jaeger (1995, p. 1008 ) informa que durante o século V a. C se inicia a mais<br />
antiga literatura médica dos gregos que da Escola de Hipócrates chegou até nós.<br />
Diz ser significativo que as obras dos médicos falem muito de leigos e de<br />
profissionais, mostrando ser esta uma distinção prenhe de conseqüências. Lembra<br />
que a distinção que hoje se estabelece entre o profissional e o leigo, o iniciado e o<br />
não iniciado, tem o seu paralelo, dentro da medicina grega, naquelas formosas<br />
palavras finais do nonus hipocrático: “só aos homens consagrados se revelam as<br />
coisas consagradas; é vedado revelá–las aos profanos, enquanto não estiverem<br />
iniciados nos mistérios do saber.” (apud Jaeger, 1995, p. 1013).<br />
O autor (op. cit., p.1014) nos mostra que embora esta literatura seja baseada num<br />
saber especial que diferencia o profissional do leigo em medicina, esforça–se<br />
conscientemente por comunicar a este os seus conhecimentos, e por encontrar os<br />
meios e as vias necessárias para se tornar inteligível, surgindo assim uma literatura<br />
médica especial, destinada a pessoas estranhas a profissão. Esclarece que<br />
felizmente chegaram até nós os dois gêneros de literatura, a profissional e a<br />
destinada ao grande público; sendo à primeira que pertence a grande massa das<br />
obras médicas conservadas, mas o interesse do autor, coincidente ao nosso, incide<br />
na segunda classe de obras, por estarem estreitamente ligadas ao que os Gregos<br />
denominavam paidéia, já que esta literatura destinava–se ao ensino dos leigos.<br />
Observamos que nos tempos atuais há uma avalanche de informações na<br />
mídia escrita, falada e televisada, dirigida à população, que embora tenham que na<br />
regra se submeterem aos órgãos de controle de informações sobre saúde e<br />
medicamentos, na prática o que se vê é um mistura de publicações sérias e<br />
confiáveis com matérias e propagandas que colocam em risco a saúde da população<br />
com indicações milagrosas e estímulo à auto–medicação.<br />
Ao abordar o pensamento de Hipócrates, Jaeger (op. cit., p. 1015) nos<br />
informa que a melhor ocasião que se podia apresentar para iniciar o profano nos<br />
pensamentos médicos era, naturalmente, o tratamento dos enfermos, e diz que a<br />
diferença existente entre o médico dos escravos e o médico formado cientificamente,<br />
que curava os homens livres, revelava–se, segundo a divertida exposição que<br />
Platão faz nas Leis, na maneira como cada um dos médicos procedia para com os<br />
seus doentes. Relata que os médicos dos escravos corriam de um paciente para<br />
outro e davam as suas instruções sem falar, isto é sem se demorarem a<br />
fundamentar os seus atos, com base na simples rotina e na experiência. Esclarece<br />
38