UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
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Percebemos que nós éramos as palavras. Sentimos que não podíamos mais<br />
escondê–las, pois estaríamos nos escondendo do mundo, ocultando nossa<br />
verdadeira identidade. Percebemos que para inibí–la precisaríamos perder a saúde<br />
de nosso ser, precisaríamos perder nossa autonomia, precisaríamos nos oprimir.<br />
A partir de tais reflexões, pudemos perceber que estas questões se<br />
relacionavam intimamente com os princípios de autonomia e opressão contidos no<br />
Teatro do Oprimido. Estavam presentes também no imaginário libertário do mito de<br />
Dionísio. E não podemos nos esquecer que a arte e a medicina estão ligadas na<br />
Grécia antiga por um elo poético. No início de nossa pesquisa propomos a prática e<br />
a vivência de um aprendizado estético e libertador por excelência que inclua o ser<br />
humano como sujeito ativo da sua saúde, da sua história, sua transformação,<br />
autonomia, e evolução, como preconizado nos princípios do SUS. Nosso estudo<br />
pôde confirmar a relevância dos princípios que o documento Humaniza SUS explicita<br />
que pensar os indivíduos como sujeitos autônomos é considerá–los como<br />
protagonistas nos coletivos de que participam, co-responsáveis pela produção de si<br />
e do mundo em que vivem. Podemos nos certificar das semelhanças e coincidências<br />
de conteúdo dos referidos documentos com esta percepção analisada em nossa<br />
pesquisa:<br />
145<br />
(...) e a partir do momento que se tem uma proposta de colocar o teatro com<br />
a saúde, ou seja, o compartilhar de um conhecimento para se promover<br />
uma saúde, pensando numa saúde integral, pensando numa saúde<br />
preventiva, tem tudo a ver. É uma união muito feliz, uma proposta bastante<br />
interessante, e tenho certeza que com muitos frutos, porque vai buscar uma<br />
construção do ser, um auto conhecimento e em grupo. Isso é importante,<br />
isso é fundamental para se trabalhar o ser humano num todo. Porque daí o<br />
ser humano vai poder aprender o que ele precisa para buscar a saúde, e<br />
não mais buscar esse organismo que já existe, e que não olha a saúde, e<br />
sim a doença, e que também não compartilha com aquele ser humano que<br />
precisa saber de si, saber o que está acontecendo com ele, fazer a sua<br />
própria leitura. Ele não vai nunca através do mecanismo que já existe, saber<br />
nada disso. Ele tem que saber que ele tem uma doença, e que ele vai tomar<br />
um remédio para essa doença, que entre aspas vai ou não resolver alguma<br />
coisa. Então a pessoa fica na completa escuridão e essa proposta é uma<br />
proposta de iluminação para o ser humano em relação a ele próprio;<br />
(entrevistado nº14)