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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz

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neste instante o ator. Deste lugar de transcendência, de ser outro, de desfalecer–<br />

se embriagados do divino vinho da sensibilidade teatral. O ritmo, a harmonia da<br />

música, da poesia e da dança, a contemplação artística e o fruir da beleza, a<br />

liberação dionisíaca provocada por todas as formas de embriaguez já se fazia<br />

presente nos germinais mitológicos da Promoção da Saúde. Através da<br />

transformação pela arte, pelo teatro e suas livres associações na relação entre<br />

consciente e inconsciente, nos insights advindos da experiência teatral, na<br />

percepção dos participantes do evento teatral como lugar de olhar o mundo com<br />

olhos multifacetados. É essa liberação curativa dionisíaca, que a medicina nos seus<br />

primórdios conheceu, que a Ação–Intedisciplinar Teatro Dentro da Vida gostaria de<br />

trazer como contribuição para a Promoção da Saúde na ESF de Manguinhos. Quem<br />

sabe uma contribuição em forma de choque. Uma cardioversão dionisíaca fazendo<br />

a vida novamente pulsar.<br />

Brandão (1989, p.122) nos ensina que esse deus nascido duas vezes foi uma<br />

divindade muito poderosa. Participante, por natureza, do elemento úmido, o filho de<br />

Zeus sempre manteve íntima convivência com o elemento ígneo. Refere que é<br />

invocado como o deus das tochas de chama ardente. Declara que na realidade, é ao<br />

clarão das tochas que se celebram suas orgias noturnas e só quando se via o<br />

tremeluzir dos fachos sobre as montanhas é que se acreditava na presença de<br />

Dionísio à frente de seu tíaso.<br />

O autor (Op. cit. p.117) esclarece que o deus do entusiasmo e do êxtase já<br />

estava presente na Hélade pelo menos desde o século XIV ou XIII a. C. Ensina que<br />

Dionísio é um deus humilde, um deus da vegetação, um deus dos campônios, e com<br />

seu êxtase e entusiasmo o filho de Sêmele era uma séria ameaça à polis<br />

aristocrática. Acrescenta (Op. Cit. p.123) que Dionísio é um deus essencialmente<br />

agrário, deus das potências geradoras e, por isso mesmo, permaneceu por longos<br />

séculos confinado no campo. Destaca ainda (Op. Cit.p.125) que uma divindade da<br />

vegetação como Dionísio, que morre e ressucita, que evoca nos que o cultuam a<br />

sede de imortalidade, um deus essencialmente popular, era também uma ameaça a<br />

religião oficial e aristocrática da pólis: os deuses olímpicos sentiam–se ameaçados e<br />

o Estado também. Observamos que afinal a imortalidade era atributo somente dos<br />

deuses, e dos deuses pertencentes à aristocracia. E Dionisio vem como para<br />

democratizar a imortalidade com o seu culto. O autor (Op. Cit. p.123) sublinha que<br />

Atenas, até os fins do século VII a.C., foi dominada pelos Eupátridas, os bem–<br />

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