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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz

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medicalização. O conceito de pleonexia se desenvolve avassaladoramente no<br />

mundo ocidental, constituindo–se a base do modo de se viver e ser feliz. A<br />

pleonexia encontra solo fértil no sistema médico de Galeno, afastado da filosofia da<br />

natureza, afastado da filosofia do Ser.<br />

Acreditamos que o que importa são os valores de uma sociedade. Em uma<br />

sociedade feita para adoecer e consumir, a indústria da “saúde” vende os aparelhos<br />

para curar enfermidades. Em cima desta inversão de valores a produção e o<br />

estímulo ao uso de medicamentos torna–se coerente com o sistema, já que a<br />

doença tornou–se um meio de vender o remédio para curá–la e a indústria<br />

farmacêutica investe pesadamente em pesquisas para descobrir, patentear e<br />

divulgar medicamentos que sirvam para “curar” as enfermidades.<br />

Vimos em nosso estudo que lá na mítica cidade médica de Epidauro, Apolo e<br />

seu filho Esculápio iniciaram a prática e o ensino dos princípios da medicina;<br />

princípios que foram seguidos e aperfeiçoados por Hipócrates. Constatamos que os<br />

verdadeiros ideais de Apolo, “o deus da cura”, de seu filho Esculápio, “deus da<br />

medicina” e de Hipócrates, “o pai da medicina”, foram erroneamente interpretados<br />

por Galeno e pelo sistema médico oficial que a este seguiu. Na defesa e no resgate<br />

daqueles princípios, médicos como Paracelso, Stahl e Hahnemann, como veremos,<br />

levantaram suas vozes.<br />

Os ensinamentos de Scofano (2006, p.74) mostram que Paracelso<br />

(1493–1541), tal qual Hipócrates, possuía uma visão filosófica do homem no<br />

universo, integrando–a na medicina e nos estudos da natureza. Atesta que<br />

Paracelso via o homem como uma totalidade, embora dividisse a origem das<br />

doenças em dois domínios: o primeiro é o da matéria, ou seja, o corpo; e que o outro<br />

domínio não é material; é o espírito do corpo que nele reside intangível e invisível<br />

(Dancinger apud Scofano, op.cit., p.75). Acreditamos que a visão do homem como<br />

uma totalidade em Paracelso é algo paradoxal, já que o seu pensamento é<br />

platônico, é dualista.<br />

As idéias e teorias de George Ernest Stahl (1660–1734), médico e químico<br />

alemão que segundo Dudgeon (2006, p.467) defende a teoria do animismo vital.<br />

Stahl se posiciona a favor da existência de um princípio imaterial que rege todas as<br />

funções orgânicas do ser humano. Vemos assim que é este conceito de vitalismo<br />

que mais tarde Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 – 1843) irá usar para<br />

fundamentar as bases da homeopatia.<br />

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