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À SAÚDE - Prefeitura de Vitória

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1.11.1 O DESENVOLVIMENTO<br />

ça construir uma imagem <strong>de</strong> si mesma a partir da<br />

pessoa que é a principal responsável pelo seu cuida- resistência e <strong>de</strong> luta para conseguir o que quer.<br />

70 EMOCIONAL DA CRIANÇA qual passará a ter domínio <strong>de</strong> seu esquema cordo,<br />

a que cumpre a função materna, e se angustia A própria criança também começará a respon- 71<br />

A criança se constitui emocionalmente a partir<br />

da sua relação com os outros, sendo as pessoas<br />

que cuidam <strong>de</strong>la aquelas que têm maior participação<br />

e importância no <strong>de</strong>senvolvimento inicial.<br />

Os pais serão elementos privilegiados nesta<br />

relação inicial, porém é importante lembrar que<br />

mesmo as crianças cuidadas por tios, outros parentes<br />

ou em instituições sempre terão uma pessoa<br />

<strong>de</strong> referência na sua relação inicial. O importante<br />

é haver alguém que se ocupe do cuidado da<br />

criança, dando-lhe a sensação <strong>de</strong> conforto, proteção,<br />

segurança física e emocional, além da possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se relacionar.<br />

Esta relação inicial é feita através dos toques,<br />

dos cuidados, carinhos, das brinca<strong>de</strong>iras e das ‘conversas’<br />

que se tem com o bebê e ao redor <strong>de</strong>le.<br />

Ainda que não possa falar ou enten<strong>de</strong>r plenamente<br />

o que é dito, o sentido do afeto, dos <strong>de</strong>sejos<br />

e das expectativas que se colocam sobre ele já<br />

têm efeito sobre a constituição <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes<br />

<strong>de</strong> seu nascimento.<br />

Tudo o que acontece às crianças, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais<br />

tenra ida<strong>de</strong>, já começa a fazer parte <strong>de</strong> seu mundo,<br />

<strong>de</strong> sua história e do sentido que ela vai dar,<br />

mais tar<strong>de</strong>, a sua existência e a sua relação com<br />

os outros.<br />

Para que esse sentido se faça, a linguagem é<br />

essencial e somos nós que lhe daremos as palavras<br />

iniciais para que a <strong>de</strong>senvolva.<br />

Colocar os sentimentos e as experiências em<br />

palavras permite dar or<strong>de</strong>m a estas; permite que<br />

a pessoa possa se comunicar, se expressar e entrar<br />

em relação com os outros, sendo algo essencial<br />

para evitar o acúmulo <strong>de</strong> emoções e sentimentos<br />

que po<strong>de</strong>riam causar conflitos emocionais e<br />

impedir o livre fluxo <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> constituição<br />

da criança.<br />

Por isso é importante falar com o bebê, não<br />

só expressando os sentimentos que temos por ele,<br />

mas também ‘explicando’ o que fazemos com ele<br />

– os cuidados, os toques, carinhos e os procedimentos<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong> algum tratamento<br />

e no acompanhamento <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Só assim a criança po<strong>de</strong>rá se apropriar <strong>de</strong> seu próprio<br />

corpo, não se sentindo um objeto manipulado<br />

pelos outros.<br />

São estas relações iniciais que permitirão à crian-<br />

poral, da motricida<strong>de</strong>, dos sentidos, do significado<br />

das coisas e da linguagem, com efeitos, mais<br />

tar<strong>de</strong>, sobre sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem, <strong>de</strong><br />

domínio da escrita, dos cálculos, etc.<br />

Os pais e a família têm papel prepon<strong>de</strong>rante<br />

nesse momento inicial da vida <strong>de</strong> uma criança,<br />

porém, o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que também<br />

cuida e ‘manipula’ a criança passa a ser um dos<br />

adultos importantes que participam <strong>de</strong>stas relações<br />

iniciais.<br />

Por isso, todo procedimento realizado com a<br />

criança <strong>de</strong>ve ser explicado, não só aos cuidadores,<br />

mas também às próprias crianças, por menores<br />

que elas sejam.<br />

Além disso, cabe ao profissional orientar os<br />

pais no sentido <strong>de</strong> manterem uma relação <strong>de</strong> comunicação<br />

e abertura para com a criança. <strong>de</strong>vese<br />

fazê-los saber que a comunicação sincera e clara<br />

<strong>de</strong> qualquer situação ou problema da família –<br />

<strong>de</strong>ntro, é claro, da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão<br />

da criança – por mais séria que esta situação seja,<br />

é menos prejudicial do que o silêncio.<br />

A criança vivencia toda a gama <strong>de</strong> emoções<br />

inerentes ao ser humano (medo, raiva, tristeza,<br />

alegria...) e <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r sempre expressar o que<br />

sente, tendo seus sentimentos reconhecidos e<br />

respeitados.<br />

A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r ou mentir sobre situações<br />

importantes tais como a brigas entre o casal,<br />

separação, morte ou problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entre<br />

outras, cria um clima <strong>de</strong> ambigüida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong><br />

nas relações com a criança, po<strong>de</strong>ndo comprometer<br />

este campo tão importante para seu pleno<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A verda<strong>de</strong>, embora possa causar dor, é sempre<br />

mais saudável, pois permite o compartilhar dos<br />

problemas e dos sentimentos gerados por estes,<br />

evitando a confusão e a insegurança em que a<br />

criança fica quando nota a diferença entre o que<br />

é dito e o que sente no clima da família.<br />

Após esse período inicial, <strong>de</strong> intensa i<strong>de</strong>ntificação<br />

com a pessoa que cuida mais diretamente<br />

<strong>de</strong>la, a criança começará a se diferenciar, o que<br />

é necessário para que se <strong>de</strong>senvolva como uma<br />

pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Porém, embora necessária<br />

e <strong>de</strong>sejada pela própria criança, essa diferenciação<br />

será vivida com angústia e medos.<br />

Por volta dos oito meses a criança já distingue a<br />

ao se separar <strong>de</strong>sta. É a época em que chora ao ter<br />

que ficar longe <strong>de</strong>sta, ainda que fique com outras<br />

pessoas conhecidas. <strong>de</strong>ve-se orientar os pais <strong>de</strong> que<br />

esta é uma reação natural e própria da ida<strong>de</strong>.<br />

É comum a criança utilizar objetos aos quais<br />

se apega nessa época para po<strong>de</strong>r lidar com esta<br />

angústia. São os brinquedos tais como ursinhos<br />

ou outros que a criança adota como companhia<br />

constante, não suportando sua ausência ou substituição.<br />

na verda<strong>de</strong> estes objetos e brinquedos estarão<br />

começando a substituir a presença permanente<br />

da pessoa que cuida <strong>de</strong>la, da qual a criança<br />

começará a po<strong>de</strong>r se distanciar.<br />

Para que esta separação e o conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da criança seja possível, também<br />

é necessário que a pessoa que cuida tenha outros<br />

interesses na vida que não apenas o bebê. O<br />

relacionamento o pai ou outro parceiro, o trabalho,<br />

os estudos, o cuidado com os outros filhos<br />

ou qualquer outra fonte <strong>de</strong> investimento afetivo<br />

terão um papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para que<br />

a criança não fique como a única ‘razão <strong>de</strong> viver’<br />

da mãe ou da pessoa que tem o papel principal<br />

em seu cuidado, o que lhe tiraria espaço <strong>de</strong> crescer<br />

como uma pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Este é o momento em que a criança também<br />

já está tendo um maior domínio motor, po<strong>de</strong>ndo<br />

se arrastar ou engatinhar, tendo ampliado seu<br />

campo <strong>de</strong> ação e tornando-se menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

dos outros.<br />

A criança começa, então, a ter condições <strong>de</strong><br />

agir por conta própria, <strong>de</strong> explorar o ambiente, <strong>de</strong><br />

mexer em tudo e a ter uma atitu<strong>de</strong> menos passiva<br />

do que a que tinha até então.<br />

Com o tempo as manifestações <strong>de</strong>ssa in<strong>de</strong>pendência<br />

se darão em várias situações tais como<br />

se vestir ou <strong>de</strong>spir-se sozinha, pedalar velocípe<strong>de</strong>s<br />

ou bicicleta, realizar jogos progressivamente mais<br />

complexos como empilhar caixotes e peças, alcançar<br />

seus próprios brinquedos, escolher roupas ou<br />

que alimento comer, etc.<br />

Estes comportamentos ten<strong>de</strong>m a levar os outros<br />

a dizer ‘não’ a respeito <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>ssas escolhas<br />

e atitu<strong>de</strong>s; a restringirem esta liberda<strong>de</strong> que<br />

ela apenas está conquistando, até mesmo para<br />

garantir sua segurança.<br />

Assim, a criança começa a viver situações <strong>de</strong> frustração<br />

muito mais freqüentes, gerando reações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>r com ‘não’ para algumas solicitações dos adultos.<br />

Primeiro com gestos <strong>de</strong> cabeça e <strong>de</strong>pois já po<strong>de</strong>ndo<br />

dizer o ‘não’, a criança tem nisso uma possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser ativa na diferenciação e na separação<br />

necessárias, tratando-se <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

afirmação que <strong>de</strong>ve ser aceita.<br />

Este ponto às vezes gera confusões, pois muitos<br />

enten<strong>de</strong>m que se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar a criança ‘fazer<br />

o que quer’, o que não é o caso. As pessoas que<br />

cuidam também têm o papel <strong>de</strong> educar e <strong>de</strong> apontar<br />

limites e normas que serão importantes para a<br />

constituição da criança como sujeito. A cultura e o<br />

estilo <strong>de</strong> cada família terão papel importante para<br />

<strong>de</strong>finir o grau <strong>de</strong> tolerância às necessárias manifestações<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência da criança.<br />

É necessário que a criança tenha liberda<strong>de</strong> e<br />

que possa manifestar seus <strong>de</strong>sejos, agir com liberda<strong>de</strong>,<br />

recusar certas coisas po<strong>de</strong>ndo ir construindo,<br />

também, seu próprio estilo, seus gostos e seu<br />

modo <strong>de</strong> ser.<br />

Porém, ainda é necessário que os adultos cui<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>la, mostrem e ensinem as regras sociais, os<br />

limites que todos temos que seguir e que são dados<br />

em função <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurança<br />

da criança como também pelas tradições familiares<br />

e pela cultura.<br />

Essa colocação <strong>de</strong> limites é necessária para proteger<br />

a criança, para sua adaptação social e para<br />

promover uma organização psíquica que lhe trará<br />

segurança e <strong>de</strong>fesas contra as inevitáveis frustrações<br />

futuras.<br />

O importante, nesse momento, será <strong>de</strong>ixar<br />

claro o motivo <strong>de</strong> cada regra e <strong>de</strong> todos os limites<br />

colocados. Enten<strong>de</strong>ndo o sentido das restrições a<br />

criança po<strong>de</strong>rá aceitá-las e respeitá-las.<br />

A reação inicial da criança po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> choro<br />

e insistência, pois não compreen<strong>de</strong>, ainda, porque<br />

não po<strong>de</strong> fazer o que quer. Porém, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as<br />

regras sejam mantidas com firmeza, coerência e<br />

clareza, com o tempo a criança aceita e enten<strong>de</strong><br />

os limites colocados.<br />

Os pais <strong>de</strong>vem ser orientados sobre o fato <strong>de</strong><br />

que será mesmo necessário repetir por várias vezes<br />

as regras adotadas, pois a criança necessitará<br />

<strong>de</strong> algum tempo para introjetá-las.<br />

Essa mesma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repetição aparece<br />

nas brinca<strong>de</strong>iras nas quais os bebês jogam repetidamente<br />

objetos para o adulto pegar e <strong>de</strong>-

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