17.04.2013 Views

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

volta ao índice<br />

volta ao sumário<br />

la<strong>do</strong>, conforme já salienta<strong>do</strong> em sentença, na CTPS, assim como na Portaria de Admissão (fl. 70),<br />

não há qualquer referência ao pagamento de gratificação de função.<br />

2.4.2. Haven<strong>do</strong> rebaixamento funcional (de gerente para assistente administrativo), com<br />

significativa redução salarial, resta justifica<strong>da</strong> a rescisão indireta <strong>do</strong> contrato por parte <strong>da</strong><br />

emprega<strong>da</strong>. A rescisão indireta é ato unilateral e independe <strong>da</strong> vontade ou concordância <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>r. Além disso, falar não há em aban<strong>do</strong>no de emprego porque a rescisão indireta foi<br />

comunica<strong>da</strong> por escrito ao emprega<strong>do</strong>r recorrente.<br />

2.5. No que tange à participação nos lucros e resulta<strong>do</strong>s, também não merece reforma a<br />

sentença. A Portaria 01/2008 (fls. 72/73), em seu artigo 4º, determina o pagamento <strong>da</strong> parcela aos<br />

funcionários pertencentes ao quadro <strong>da</strong> reclama<strong>da</strong> em 02-01-08, desde que tivessem trabalha<strong>do</strong><br />

durante to<strong>do</strong> o ano de 2007. Sen<strong>do</strong> assim, uma vez que o contrato foi rescindi<strong>do</strong> exatamente em<br />

02-01-08 (fl. 69, sem contar o aviso prévio), faz jus a reclamante ao pagamento desta parcela,<br />

pois laborou durante to<strong>do</strong> o ano de 2007.<br />

2.6. Nega-se provimento.<br />

(...)<br />

II – RECURSO ADESIVO<br />

(...)<br />

3. Danos morais.<br />

:: Ano IV | Número 69 | Janeiro de 2009 ::<br />

3.1. A autora requer indenização por <strong>da</strong>no moral em face <strong>da</strong> redução salarial opera<strong>da</strong> pela<br />

reclama<strong>da</strong>. Aduz que essa situação a desestabilizou financeiramente, causan<strong>do</strong>-lhe embaraços,<br />

inclusive quanto ao atendimento de compromissos assumi<strong>do</strong>s.<br />

3.2. Com razão.<br />

3.3. A redução salarial abrupta e imediata, provoca<strong>da</strong> pelo rebaixamento funcional e salarial<br />

já indica a presença de <strong>da</strong>no à reclamante, seja material, seja moral. O <strong>da</strong>no moral alega<strong>do</strong> é de<br />

constatação objetiva e independe <strong>da</strong> prova testemunhal. Primeiro, porque resulta de ato ilícito<br />

pratica<strong>do</strong> pelo emprega<strong>do</strong>r, diante <strong>da</strong> redução salarial, ve<strong>da</strong><strong>da</strong> no nosso ordenamento jurídico por<br />

man<strong>da</strong>mento constitucional (art. 7º, inc.VI). Segun<strong>do</strong>, porque o rebaixamento funcional também<br />

não encontra respal<strong>do</strong> legal (artigo 468 <strong>da</strong> CLT) e tampouco na <strong>do</strong>utrina e jurisprudência, não se<br />

inserin<strong>do</strong> no poder <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r como jus variandi. No caso, a reclamante foi contrata<strong>da</strong> como<br />

gerente administrativo e foi rebaixa<strong>da</strong> para o cargo de assistente administrativo, com a penalização<br />

de redução salarial. Sequer se poderia cogitar de cargo em comissão ou de confiança em que<br />

pudesse retornar ao cargo anterior.<br />

3.4. Segun<strong>do</strong> ensinamentos de Orlan<strong>do</strong> Gomes e Élson Gottschalk,<br />

O rebaixamento de categoria é proibi<strong>do</strong> em nossa legislação, ain<strong>da</strong> que seja por mútuo<br />

consentimento, evidente, como é, o prejuízo dele decorrente. Não se admite, na jurisprudência e na<br />

<strong>do</strong>utrina, seja como fórmula de reajuste <strong>da</strong> qualificação, seja como medi<strong>da</strong> de punição disciplinar.<br />

Ademais, o rebaixamento de categoria produz os seus inequívocos efeitos na carreira profissional<br />

<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, pelo retar<strong>da</strong>mento na linha de acessos já predispostos, ou que possam ser uma<br />

razoável expectativa. (Curso de Direito <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984. p. 406).<br />

3.5. Na mesma linha é o que apregoa Carmen Camino, ao referir que o rebaixamento <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong> é ve<strong>da</strong><strong>do</strong>, seja quanto ao plano hierárquico, seja quanto ao conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s funções.<br />

(Direito Individual <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. <strong>4ª</strong> ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p. 443.<br />

3.6. O <strong>da</strong>no, aqui, não é repara<strong>do</strong> ou reparável pelas diferenças salariais deferi<strong>da</strong>s na<br />

sentença, haja vista que o rebaixamento funcional implica sentimento de frustração, impotência,<br />

descrédito e humilhação. Além disso, aqueles bens <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que deixaram de ser usufruí<strong>do</strong>s, nos<br />

planos moral, social e patrimonial, não se recuperam pela simples diferença salarial a ser<br />

conquista<strong>da</strong> somente quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> execução <strong>do</strong> feito.<br />

3.6.1. O ato ilícito pratica<strong>do</strong> impõe reparação para além <strong>da</strong>s diferenças salariais deferi<strong>da</strong>s,<br />

consideran<strong>do</strong> a intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>da</strong>no causa<strong>do</strong>, seu efeito repara<strong>do</strong>r e pe<strong>da</strong>gógico, bem como a<br />

condição <strong>da</strong>s partes.<br />

3. Por conseguinte, dá-se provimento para acrescer a condenação a indenização por <strong>da</strong>no<br />

moral que se arbitra em R$ 30.000,00, a ser corrigi<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta deste julgamento, com<br />

juros desde a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> distribuição <strong>do</strong> feito. (...)<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!