17.04.2013 Views

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

Revista Eletrônica 69ª Edição - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

volta ao índice<br />

volta ao sumário<br />

:: Ano IV | Número 69 | Janeiro de 2009 ::<br />

plegias, atrofias ou incapaci<strong>da</strong>des”, sen<strong>do</strong> que “os calcanhares permanecem com hiperceratose<br />

(espessamento <strong>da</strong> derme), queixa relata<strong>da</strong> na inicial”. Destaca o perito médico que: a) “o<br />

transporte de uma bolsa pesan<strong>do</strong> até 15 kg pode ter nexo causal com lombalgia em pessoa que já<br />

tenha predisposição para tal”; b) o esforço <strong>do</strong> reclamante está compatível com boas condições de<br />

trabalho, visto que as normas ergonômicas permitem o transporte de 20% <strong>do</strong> peso corporal; c)<br />

quan<strong>do</strong> o reclamante trabalhava à pé, o calça<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong> era semelhante a um tênis e tem o<br />

sola<strong>do</strong> compacto, sen<strong>do</strong> que, quan<strong>do</strong> trabalhava de moto, usava bota de couro; d) o reclamante<br />

esteve afasta<strong>do</strong> por 60 dias, em tratamento <strong>da</strong> “hiperceratose plantar” (espessamento <strong>da</strong> pele),<br />

onde a pele foi “adelgaça<strong>da</strong> por tratamento tópico medicamentoso e abrasivo”; e) dificilmente a<br />

“hiperceratose plantar” poderia ter si<strong>do</strong> evita<strong>da</strong> pela reclama<strong>da</strong>, já que se trata de uma<br />

característica <strong>da</strong> pele de algumas pessoas, sen<strong>do</strong> que o reclamante trabalhava com os pés secos e<br />

calça<strong>do</strong>s com tênis ou bota; f) o reclamante goza bom esta<strong>do</strong> de saúde e está apto para trabalhar;<br />

g) a lombalgia pode ter causas diversas; h) a “hiperceratose plantar” é uma característica <strong>da</strong> pele<br />

<strong>do</strong> reclamante, inclusive, porque ain<strong>da</strong> existe, apesar <strong>do</strong> tempo de afastamento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de<br />

carteiro. Conclui que o reclamante não apresenta incapaci<strong>da</strong>de laboral. Em complementação ao<br />

lau<strong>do</strong> (fls. 740/741), a perícia médica ressalta que “as fissuras no calcanhar não tiveram origem no<br />

labor <strong>do</strong> reclamante, costumam ser uma característica própria <strong>da</strong> pele <strong>do</strong> indivíduo , que varia em<br />

flexibili<strong>da</strong>de e espessura, poden<strong>do</strong> levar ao surgimento de fissuras (rachaduras <strong>do</strong>lorosas no<br />

calcanhar), que são sazonais e dependem <strong>do</strong>s cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s com a pele”.<br />

O art. 118 <strong>da</strong> Lei nº 8.213/91 dispõe que “o segura<strong>do</strong> que sofreu acidente <strong>do</strong> trabalho tem<br />

garanti<strong>da</strong>, pelo prazo mínimo de <strong>do</strong>ze meses, a manutenção <strong>do</strong> seu contrato de trabalho na<br />

empresa, após a cessação <strong>do</strong> auxílio-<strong>do</strong>ença acidentário, independentemente <strong>da</strong> percepção de<br />

auxílio-acidente”. Salienta-se que o art. 20 <strong>da</strong> Lei nº 8.213/91 equipara as <strong>do</strong>enças profissionais e<br />

<strong>do</strong> trabalho ao acidente de trabalho.<br />

Nesse contexto, entende-se que a garantia de emprego, prevista no art. 118 <strong>da</strong> Lei nº<br />

8.213/91, tem por requisito o gozo de auxílio-<strong>do</strong>ença acidentário, salvo se, posteriormente, for<br />

constata<strong>do</strong> nexo de causali<strong>da</strong>de entre a <strong>do</strong>ença profissional e as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pelo<br />

trabalha<strong>do</strong>r, no curso <strong>do</strong> contrato de trabalho.<br />

Na hipótese <strong>do</strong>s autos, não se visualizam os pressupostos <strong>da</strong> garantia de emprego, uma vez<br />

que o reclamante não entrou em gozo de benefício previdenciário por acidente <strong>do</strong> trabalho; nem<br />

logrou demonstrar, por qualquer meio de prova, estar acometi<strong>do</strong> de <strong>do</strong>ença profissional. Ressaltase<br />

que o lau<strong>do</strong> pericial demonstra que o peso carrega<strong>do</strong> pelo reclamante (até 12 kg), no<br />

desempenho de suas ativi<strong>da</strong>des, é perfeitamente tolerável, conforme disposto nas normas de<br />

segurança <strong>do</strong> trabalho; sen<strong>do</strong> que a lombalgia se trata de <strong>do</strong>ença degenerativa, não haven<strong>do</strong> falar<br />

em nexo causal com as funções exerci<strong>da</strong>s pelo reclamante, ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> laboral. Salientase,<br />

ain<strong>da</strong>, que a perícia médica constatou que a “hiperceratose plantar” (outra <strong>do</strong>ença aduzi<strong>da</strong> pelo<br />

reclamante, na inicial), dificilmente a poderia ter si<strong>do</strong> evita<strong>da</strong> pela reclama<strong>da</strong>, já que se trata de<br />

uma característica <strong>da</strong> pele de algumas pessoas. Sobre o assunto, destaca-se a jurisprudência:<br />

“ESTABILIDADE. DOENÇA-PROFISSIONAL. Hipótese em que não há prova nos<br />

autos de existência de nexo causal entre a <strong>do</strong>ença e o trabalho desenvolvi<strong>do</strong> pela<br />

autora. Inviável se reconhecer a garantia no emprego pleitea<strong>da</strong>, eis que não<br />

caracteriza<strong>da</strong> a existência de <strong>do</strong>ença profissional, na forma preconiza<strong>da</strong> na Lei<br />

8.213/91. Recurso provi<strong>do</strong> para absolver a reclama<strong>da</strong> <strong>da</strong> condenação imposta.<br />

(...)” (Acórdão <strong>do</strong> Processo nº 00865-2001-511-04-00-8 (RO) – Re<strong>da</strong>tor: ANA<br />

LUIZA HEINECK KRUSE – Data de Publicação: 12/03/2004)<br />

“DOENÇA PROFISSIONAL. ACIDENTE DE TRABALHO. NEXO CAUSAL. Não<br />

comprova<strong>do</strong> o nexo de causali<strong>da</strong>de entre a enfermi<strong>da</strong>de e as ativi<strong>da</strong>des<br />

desempenha<strong>da</strong>s pelo emprega<strong>do</strong>, inviável reconhecer <strong>do</strong>ença profissional para fins<br />

de enquadramento no art. 118 <strong>da</strong> Lei 8.213/91.” (Acórdão <strong>do</strong> Processo nº<br />

00399-2005-791-04-00-9 (RO) – Re<strong>da</strong>tor: RICARDO TAVARES GEHLING – Data de<br />

Publicação: 14/08/2008 – Origem: Vara <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> de Encanta<strong>do</strong>)<br />

Desta forma, não se verificam presentes os pressupostos <strong>da</strong> garantia de emprego decorrente<br />

de estabili<strong>da</strong>de acidentária prevista no art. 118 <strong>da</strong> Lei nº 8.213/91. Aliás, diante <strong>do</strong> reconhecimento<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!