Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves
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concepções de Saussure e Jakobson, ao articular questões sobre a psicose, Lacan (1981:<br />
209) isola o significante na estrutura. Ele retira deste a noção de diacronia e sincronia,<br />
próprias da análise lingüística, e afirma que “o significante, como tal não significa nada”,<br />
mas atende à ilusão de representar o significado. O significante, continua ele, sempre se<br />
antecipa ao sentido e a sua estrutura está em ser articulado a outros significantes. Daí, sua<br />
afirmação (Lacan, 1998: 306) de que “é na cadeia do significante que o sentido insiste, mas<br />
que nenhum dos elementos da cadeia consiste na significação de que ele é capaz nesse<br />
mesmo momento”. Assim se impõe a “noção de um deslizamento incessante do significado<br />
sobre o significante”.<br />
No inconsciente, estruturado como uma linguagem, o sujeito não se reduz às suas<br />
determinações significantes, mas é posto diante da produção de significados, da produção<br />
discursiva. São pontos decisivos da articulação simbólica que fazem a história do sujeito-<br />
efeito do mundo simbólico. Assujeitado à indeterminação da linguagem, o sujeito cria usos,<br />
formas de vida, práticas diversas, jogando constantemente com o equívoco. Essa produção<br />
se dá por processos metonímicos e metafóricos, onde há transferência de sentidos<br />
Entendemos com isso que esses processos se refiram a modos de enunciar dos sujeitos, ou<br />
seja, modos de estabelecer elos sociais.<br />
Ligada à falta no ser, a metonímia funciona como um deslocamento do desejo<br />
através dos deslizes dos sentidos que reiteram o estabelecido. Lacan afirma que o desejo é a<br />
metonímia. É a metonímia do ser que permite a expansão do sujeito na direção ao seu<br />
desejo, jamais diretamente nomeado, mas ponto de partida para que haja a metáfora. Esta<br />
última, afirma Lacan, é ligada à questão do ser, é o ponto exato em que o sentido se produz<br />
no não-senso, o sintoma é a metáfora. Dito de outro modo, é a condensação dos sentidos<br />
num momento em que o desejo é alçado, é o hiato porque rompe com o estabelecido,<br />
porque é criação.<br />
O que depreendemos dessas concepções para o nosso objeto de estudo é que na<br />
metáfora da transferência entre o professor e o aluno, estes dois, movidos pelo que se supõe<br />
‘um desejo de saber’ e um ‘desejo de ensinar’ (configuração da relação amorosa) se