Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves
Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves
Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
199<br />
definindo o assunto, os turnos e o tempo da conversa para cada dupla. No dia do evento, um<br />
roteiro do teste e os critérios de correção das representações de papéis foram entregues aos<br />
alunos: segundo o planejamento, seriam no máximo seis minutos de conversa dirigida entre<br />
dois alunos (cada dupla viria ao local onde estava o professor). Os tópicos foram férias,<br />
esporte, passatempo, trabalho, compras, escolhidos aleatoriamente pelo professor ao início<br />
de cada representação de papel. O valor do teste foi de 5 pontos, distribuídos da seguinte<br />
forma: 2 pontos para a prontidão (fluência, naturalidade e criatividade), 2 pontos para o uso<br />
da língua (precisão), 1 ponto para pronúncia (e acentuação da frase). Estes critérios e<br />
descritores foram entregues aos alunos por escrito. Registramos esses eventos em áudio e<br />
voltaremos a outras partes desse corpus nas análises do capítulo 8.<br />
Por ora, interessa-nos problematizar aquele ‘mínimo’ abstrato ao qual se refere o<br />
professor ao dizer: ‘Brazilian English is acceptable, mas um mínimo de fluency is expected<br />
(para Língua VII).’ O enunciador 1 (Pedro), na primeira asserção (Brazilian English is<br />
acceptable), se aproxima e propõe (inconscientemente) o elo com o enunciatário (aluno) ao<br />
aceitar o que ele lhe oferece, um inglês brasileiro já falhado porque não se identifica com<br />
um ideal de nativo e que talvez transite muito mais num imaginário de língua como<br />
conhecimento. Porém, na asserção adversativa em voz passiva aparece um segundo<br />
enunciador (professor) que se distancia do enunciatário (aluno), procurando anunciar aí a<br />
impessoalidade de um critério que necessita ser fixado (demandas dos domínios jurídico e<br />
científico). Porém, entendemos que essa estratégia argumentiva da segunda asserção é<br />
malograda, pois esse ‘mínimo’ transita mais fortemente no domínio do afeto, da<br />
possibilidade de um elo com um aluno que pode se admitir faltoso, mas que o professor<br />
imagina que tenha a responsabilidade individual de fixar seus objetivos. Cabe lembrar que<br />
esta turma pertence ao curso noturno e que tende a ser representada como ‘mais fraca’.<br />
Ora, se o aluno chegou até naquele nível (Língua VII), ou bem ou mal, este é o<br />
mínimo do qual partirá. Como os sentidos derivam entre o dito e o não dito dos vários<br />
domínios aí fazendo efeito, um critério de um mínimo significa que qualquer coisa que o<br />
aluno fizer para sair desse mínimo, ele será recompensado com uma nota acima de zero (já<br />
que nenhum zero foi conferido). Este mínimo é, portanto, acima da reprovação, o que