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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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87<br />

(Ducrot, 1987 a partir da polifonia bakhtiniana), traz para a AD a influência da teoria<br />

psicanalítica de Freud e Lacan. Pêcheux assim coloca as formas lingüístico-discursivas do<br />

discurso-outro:<br />

a) o discurso de um outro colocado em cena pelo sujeito, ou discurso do sujeito se<br />

colocando em cena como um outro (cf. as diferentes formas da “heterogeneidade<br />

mostrada”);<br />

b) mas também, e sobretudo a insistência de um “além” interdiscusivo que vem,<br />

aquém de todo autocontrole funcional do “ego-eu”, enunciador estratégico que<br />

coloca em cena “sua” seqüência, estruturar essa encenação (nos pontos de<br />

identidade nos quais o “ego-eu” se instala) ao mesmo tempo em que a desestabiliza<br />

(nos pontos de deriva em que o sujeito passa no outro, onde o controle estratégico<br />

de seu discurso lhe escapa).<br />

Pois bem, o interdiscurso, como já assinalado acima, remete à rede complexa de<br />

FD’s em que todo dizer está inserido. Trata-se da dimensão não linear, vertical do discurso<br />

que fornece a matéria-prima para a constituição do sujeito. A materialidade, ou que o<br />

sujeito enuncia é chamado por Pêcheux de intradiscurso – a dimensão linear da linguagem,<br />

o fio do discurso, o que o enunciador efetivamente formula num momento dado, em relação<br />

ao que disse antes e dirá depois. Na análise do intradiscurso, tem-se como eixo o sentido<br />

produzido pela formulação e estuda-se a construção de representações de semelhanças e<br />

diferenças, as formações imaginárias ou representações.<br />

3.2.3. Representação<br />

Na Lingüística Aplicada, é comum encontrarmos o termo ‘crença’ para refletir o<br />

que os professores pensam (pelo que sabem e acreditam) da sua prática (Richards &<br />

Lockhart,1994). Essa visão envolve uma dimensão cognitiva e comportamental que<br />

entendemos ser insuficiente pela sua natureza exclusivamente empírica e cognitiva. Damos<br />

preferência ao termo ‘representação’, não no sentido fenomenológico, bastante utilizado na<br />

literatura européia sobre ensino/aprendizagem de línguas também como forma concreta de<br />

um ato de pensamento, mas no sentido das Formações Imaginárias conforme o

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