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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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vez admitida a existência do inconsciente e da sua estrutura como uma linguagem, estamos<br />

envolvidos numa configuração significante que se dá a conhecer através de processos<br />

metafóricos e metonímicos. São estes os sentidos em efeito, que se mostram como uma<br />

‘encenação’ e é nela que nos enredamos como seres sociais.<br />

Diante de todas estas novas questões, modificamos o nosso percurso e buscamos<br />

delinear o novo caminho da pesquisa. Temos, porém, sempre em mente o aluno em<br />

processo de conclusão do curso de Letras na habilitação Inglês da instituição na qual<br />

ensinamos. Concentramo-nos na questão do ‘desempenho’ oral desse aluno também por<br />

estarmos inseridos num tempo em que a oralidade ganha primazia. Segundo Gadet (1996),<br />

a primazia da escrita em efeito durante séculos nas sociedades européias ocidentais foi<br />

desbancada no século XX pelas ‘tecnologias de oralidade secundárias’ (rádio, cinema,<br />

telefone, vídeo e gravador – estes dois últimos, importantes instrumentos dos lingüistas);<br />

pela maior imbricação da fala na escrita literária, amortecida durante o século XIX; e pela<br />

burocratização das instituições por um lado e a terceirização por outro, que trouxeram<br />

formas imbricadas do oral na escrita (questionários, formulários, relatórios de reuniões).<br />

Além do mais, o século XX tornou-se o teatro dos movimentos divergentes, afirma a<br />

autora, pois ao mesmo tempo em que foi palco de um grande aumento do nível de<br />

letramento, deu ao ouvido maior importância e, nas últimas décadas, através da internet,<br />

voltou a valorizar a imbricação oralidade/escrita.<br />

Cabe-nos, em conseqüência, compreender como funciona essa primazia da fala que<br />

fundamenta uma imagem sobre o que seja uma pessoa ‘proficiente’ numa LE. Nessa<br />

imagem parece perdurar a idéia de que ao perguntarmos a alguém se ele sabe uma LE, em<br />

geral, perguntamos se ele fala tal língua. No imaginário das pessoas, até mesmo porque, nas<br />

línguas naturais, a oralidade necessariamente precede a escrita, saber uma língua é antes de<br />

tudo falá-la. E, ao menos como primeira impressão, é este imaginário de fluência oral que<br />

dá ao professor da LE a autoridade de bom falante.<br />

O que se espera de um curso de Letras que licencia um professor de LE é preparar<br />

seus alunos para adquirirem autoridade como professores dessa língua. Um percurso é

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