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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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fazendo com que a <strong>subjetividade</strong> se construa inteiramente na pluralidade, no pluralismo dos<br />

níveis de identificação que Lacan chamou de o ideal do eu, o eu ideal, ou o eu desejante.<br />

Para abrir caminho ao comparecimento do real, antes de tudo, é preciso reconhecer<br />

a ordem do não-todo. Nesse caso, trata-se de reconhecer que: a) não há uma LE única ,<br />

assim como não há uma língua materna (LM) única; b) não há um procedimento didático<br />

que funcione para todos os alunos; um a um, eles ‘aprendem’ ou não; c) não há resultado<br />

homogêneo conformado a um saber, uma vez que os percursos de cada aluno são<br />

singulares. Quanto à avaliação, critérios indiferenciados, presos à ilusória neutralidade<br />

científica são também excluidores, ao manterem o aluno ‘fraco’ à margem. Nem pode<br />

haver um professor que tudo saiba, pois é no lugar onde ele não sabe que ao aluno, como<br />

sujeito, é possibilitado ocupar o lugar de agente que possa construir algo ‘realmente’ seu. E<br />

para que aconteça a mudança subjetiva necessária há de se ter um tempo, no qual o sujeito<br />

possa perceber um antes (quando o sujeito se alienava a certos significantes) e um depois<br />

(quando a sua relação com a palavra se transforma). Riolfi (1999) propõe uma abordagem<br />

dos tempos envolvidos, ressaltando suas condições de produção: a escritura de uma<br />

monografia em curso de formação de professores do ensino de LM.<br />

1 º tempo – As certezas: vigência do Discurso Universitário. O aluno procura o saber<br />

(S2) que está no campo do Outro para ocupar o lugar da produção como sujeito-conforme-<br />

o-saber (que se representa no título Licenciado e ou Bacharel em Letras, especialista em<br />

Lingüística Aplicada, etc.). Nesse caso ele encarna na pele o significante mestre (S1) na<br />

ilusão perpetuada de que o real (a) está domesticado.<br />

2 º tempo – Os sustos: são os instantes relâmpagos nos quais os lapsos aparecem<br />

(nas condições específicas, são mais facilmente visíveis na escrita) podendo desestabilizar<br />

suposições ou certezas prévias, momentos que levam à desconfiança de uma imagem antes<br />

mantida e que neste instante se reduz a nada (a). Cabe dizer que é o momento precioso no<br />

qual o aluno ‘percebe’ que ele goza do lugar de não ser nada para que o professor goze de<br />

seu lugar de ser tudo (tudo saber). Este é o comparecimento do Discurso da Histérica.

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