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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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Inclusiva, parece preponderar uma imagem de LE mais como conhecimento, o que parece<br />

conflitar menos com uma prática de ensino que também considere a LE como<br />

conhecimento. Nessa configuração pode haver mais espaço para a aceitação das demandas<br />

do aluno que está pouco mobilizado para aprender e é portanto representado como mais<br />

fraco, embora não garanta que tal gesto reflita a sua aprendizagem. Ao mesmo tempo, um<br />

gesto assim não parece afetar aquele aluno que já deseja saber a LE. É bom lembrar que a<br />

nossa constituição de sujeitos desejantes é o que derruba as tendências, que muda o estado<br />

das coisas, das repetições.<br />

Além de todas essas considerações, lembramos que os especialistas que constroem<br />

as verdades da ciência e das técnicas de avaliação partem do desejo de ‘acertar’. Por isso<br />

discutem as questões éticas advindas da prática de avaliar. Alguns, por exemplo, propõem<br />

atenção aos usos e efeitos dos testes, uma vez aceito que não há escolhas binárias e que<br />

nossos atos são contraditórios. Outros insistem que são necessários estudos sobre o ponto<br />

de vista dos alunos e seus relatos sobre os efeitos exercidos em suas vidas quanto à<br />

preparação dos testes, sua realização e as notas que receberam. Afirmam que também não<br />

se pode dizer que as avaliações alternativas reflitam a aprendizagem ou não causem danos<br />

ao aprendiz.<br />

O que percebemos no discurso desses especialistas, no entanto, é uma preocupação<br />

em relação a uma ética moral, universal, tanto nos procedimentos tradicionais quanto nos<br />

alternativos. Cabe-nos, porém, tematizar a ética da verdade do sujeito, ou ética da repetição<br />

do real, isto é, aquela que abre para o ensino não-reprodutivo. Sustentar essa ética implica<br />

em uma relação distinta não só com o saber (concebido como provisório, fugaz,<br />

fragementado), mas também com o desejo, com a própria palavra. Esta noção de ensino<br />

comporta o saber inconsciente, que pode ser externado através da transferência, a qual por<br />

sua vez manifesta-se na forma de um sentimento amoroso. Um caminho a se seguir é<br />

reconhecer a ordem do não-todo, do não controle absoluto. Tomamos posições éticas ao<br />

estabelecer elo social com o aluno, ou seja, ao entrar na transferência que dá lugar ao saber,<br />

em alguma medida. Importa compreender que há falta e desejo em si e no outro e que é

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