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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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207<br />

tomada de posição pelo recorte que faz da ciência e pela sua imagem de falante da LE, é<br />

também afetada pela sua preferência ideológica de uma LE aceitável nas variantes não<br />

hegemônicas e por uma <strong>subjetividade</strong> na qual há lugar para as falhas dos alunos, que se<br />

reflete em atos de maior relativização em relação aos seus erros.<br />

Surge a pesquisadora. Diante de suas inquirições sobre as práticas orais e também as<br />

avaliações da produção oral que está conduzindo, o professor enfrenta uma provável<br />

‘desestabilização’ de seu planejamento. O pedido da pesquisadora para que grave o seu<br />

depoimento do tipo AREDA, leva-o a refletir sobre a sua prática. Logo em seguida, ela lhe<br />

solicita que relate o seu planejamento quanto às práticas e avaliação oral. Antecipando as<br />

expectativas da pesquisadora, ele lhe relata as atividades que vem conduzindo. Seu<br />

interesse em procurar mais subsídios teóricos (como se pode ver na bibliografia fornecida<br />

por ele) e relatá-los à pesquisadora, leva-o a intensificar o enfoque contrastivo entre o oral e<br />

o escrito em sala de aula. 126<br />

O elo (transferencial) estabelecido com os alunos pode permitir um lugar político de<br />

manifestação (mecanismos de afeto, confissão e resistência) de sentimentos positivos,<br />

negativos, de queixas, de indiferença ou até de alguma mudança significativa para alguém.<br />

O teste diagnóstico, que constou de leitura em voz alta gravada em áudio, torna-se um meio<br />

de trocas de domínio afetivo através da prática formal de retroalimentação (feedback) 127 .<br />

Lembremos das representações que Pedro fez das reações dos alunos em geral, sobre essa<br />

atividade (nervosismo, surpresa e curiosidade), relatada a nós na seqüência (63), e cuja<br />

parte desdobraremos aqui como (63a)<br />

126 Estes comentários foram feitos à pesquisadora pessoalmente.<br />

127 Segundo Ellis (1994), a retroalimentação é um termo geral dado à informação fornecida pelos ouvintes na<br />

recepção e compreensão da mensagem. Ele cita uma distinção de Vigil & Oller, (1976, cf. Ellis, op. cit.) entre<br />

retroalimentação cognitiva e afetiva, ou seja, enquanto a primeira se refere ao entendimento da mensagem, a<br />

segunda se refere ao apoio motivacional que os integrantes dão uns aos outros durante a interação. Nós, no entanto,<br />

entendemos essa prática como um dos mecanismos não só de nível transferencial entre os sujeitos, mas também<br />

como efeito da ideologia neoliberal. Dessa maneira, práticas assim pressupõem efeitos de cooperação entre os<br />

indivíduos, atenção mútua, eliminação (recalcamento) do desprazer.

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