20.04.2013 Views

Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

88<br />

desenvolvimento de Pêcheux (1990) em sua Análise Automática do Discurso (AAD) de<br />

1969 e mais tarde revisada por Pêcheux & Fuchs (1990).<br />

Entendemos a representação, ou formação 60 imaginária na ordem do discurso. Nesta<br />

ordem, todo material significante 61 tem uma dimensão imaginária e não se trata, portanto,<br />

de um substituto analógico de um real ausente, mas de uma ilusão necessária à existência<br />

da discursividade. Pêcheux (1990), para definir o que chamou de formações imaginárias,<br />

inicialmente incorporou a noção de projeção que há nos mecanismos de toda sociedade.<br />

Tais regras estabelecem relações (objetivamente definíveis) e posições (representação<br />

dessas situações) que os sujeitos ocupam no discurso. Ao designarem os lugares que os<br />

locutores se atribuem uns aos outros e ao referente, as formações imaginárias constituem as<br />

condições de produção dos discursos.<br />

Segundo Orlandi (1998:75), o sujeito é posição e portanto não corresponde à<br />

presença física dos organismos humanos (empiricismo) ou aos lugares objetivos da<br />

estrutura social (sociologismo). Ele corresponde aos lugares “representados” no discurso.<br />

Através da projeção, os lugares do sujeito– situação empírica – passam para as posições do<br />

sujeito no discurso. Nessa concepção, Pêcheux articula a linguagem com a ideologia e o<br />

político, porque são as posições em relação ao contexto histórico e ao saber <strong>discursivo</strong>, o já<br />

dito, que significam. Evidentemente, funcionam nessa articulação relações de sentido –<br />

todo dizer tem relação com os outros dizeres, imaginados, realizados, ou possíveis – o<br />

mecanismo de antecipação – direção do processo de argumentação segundo os efeitos<br />

esperados sobre o interlocutor – e as relações de forças –sustentadas no poder dos lugares<br />

que ocupam os sujeitos. E a troca de palavras é presidida por todo um jogo imaginário.<br />

60 Para nós esses termos têm a mesma significação, e os usaremos indistintamente, com preferência para o termo<br />

representação.<br />

61 Noção da concepção lacaniana (não saussureana), ou seja, uma entidade, estritamente formal, indiretamente<br />

referida a um fato que se repete, um equívoco, um lapso, uma expressão involuntária de um ser falante. Nessa<br />

concepção, só existe significante (e não é este a outra face do significado como apresentado no Cours de Saussure)<br />

que pode ter um ou vários significados, embora não haja relação alguma entre os dois. Um significante nunca existe<br />

sozinho, mas em relação a uma série de outros significantes. O significante é, a um só tempo, matéria prima e<br />

instrumento de constituição do inconsciente. (Lacan, 1966/1998).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!