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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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o sentimento de pertencer à cultura, à comunidade de acolhida e mais se experimenta um<br />

sentimento de deslocamento da comunidade de origem. Esse sentimento varia de pessoa<br />

para pessoa e evidentemente tem relação com a sua história familiar, com a sua inserção<br />

social-ideológica, com a sua forma de aprendizagem, etc.<br />

As <strong>vozes</strong> que falam em nome dos estudos da ciência que investiga a aquisição em<br />

Lingüística Aplicada, apontam para um favorecimento do sucesso na aprendizagem quanto<br />

maior for o tempo de exposição à língua (Ellis, 1990). E quanto mais jovem for a idade<br />

inicial de aprendizagem, mais acurada é a pronúncia do sujeito. A idade inicial também<br />

afeta a velocidade de aprendizagem e adolescentes se saem melhor do que crianças e<br />

adultos no que se refere à retenção de vocabulário e gramática. Todos esses fatores são de<br />

ordem cognitiva, levam em conta a velocidade e a rota de aprendizagem, deixando de lado<br />

os fatores que citamos acima e que também consideramos importantes. O fato é que<br />

percebemos uma diferença no discurso dos professores que tiveram uma primeira imersão<br />

no país quando mais jovens daqueles que fizeram a sua primeira imersão estando já em fase<br />

mais adulta.<br />

Importa-nos marcar que, dentre muitos fatores possíveis, esse processo de<br />

enunciação por imersão menos tardia 86 (durante a adolescência), em relação aos outros dois<br />

professores, traz implicações para as representações imaginárias que essas professoras têm<br />

em relação à fluência. Tatiana considera ter uma fluência de native-like, sem dificuldades<br />

para se expressar. Ela também deve a sua flexibilidade para línguas ao seu bilingüismo<br />

precoce do português e a língua da mãe (a mãe é falante nativa de espanhol e o pai de uma<br />

outra língua estrangeira, embora ela não se considere competente na língua do pai ao<br />

entendê-la mas não falá-la). Apesar de ter sido a língua da mãe a que primeiro ouviu, ela<br />

considera o português a sua LM.<br />

86 Todos os professores tiveram os seus processos de enunciação tardios, conforme a caracterização de Dabène<br />

(1994), que considera a aprendizagem da LE como tardia quando ela é aprendida depois da LM e não concomitante<br />

a ela, sendo que no segundo caso, a aprendizagem da LE seria considerada precoce. O que nos parece importante é<br />

o fato de que as imersões nos países onde se fala inglês se processaram em momentos diferentes de suas vidas e é<br />

isso que parece fazer efeito diferenciado nos discursos dos professores.

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