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Processo discursivo e subjetividade: vozes ... - Maralice Neves

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as da sanção que normaliza. “É um controle normalizante, uma vigilância que permite<br />

qualificar, classificar e punir” (Foucault, op. cit.:164). Analogamente ao hospital que<br />

‘permitiu a liberação epistemológica da medicina’, ou seja, os médicos ganharam poder<br />

sobre o hospital (antes dominado pelos enfermeiros e funcionários) ao dominarem a<br />

administração de exames diários e contínuos, a era da escola ‘examinatória’ marcou o<br />

início de uma pedagogia que funciona como ciência, ou seja um mecanismo que liga um<br />

certo tipo de formação de saber a uma certa forma de exercício do poder. Os exames<br />

invertem a visibilidade do poder pelo mecanismo da objetivação, fazem a individualidade<br />

ser documentada e transformam o indivíduo num ‘caso’ cercado por técnicas<br />

documentárias do tipo ‘nota’. O controle do processo instrucional é, então, transferido<br />

daqueles mais imediatamente interessados (o professor e os alunos) para o exame em si,<br />

resume Spolsky (1995). É o caso apropriado quando o objetivo é a aprendizagem por<br />

repetição mecânica de uma determinada parte de lição – um texto sagrado, uma lista a<br />

soletrar, um catecismo, uma tabela de multiplicação.<br />

Em suma, o sistema de exames na França espalhou-se das escolas católicas para as<br />

instituições seculares e ganharam em significação. A agrégation surgiu em 1766 como um<br />

exame altamente competitivo para a seleção de professores e o concours générale surgiu<br />

em 1747 como competição entre os liceus parisienses. Após a Revolução Francesa, os<br />

exames aumentaram sua importância e eram vistos não como forma de controle das massas<br />

mas como forma de permitir à elite educada o acesso ao poder. Napoleão utilizou os<br />

exames como método de controle centralizado do sistema educacional, introduzindo o<br />

baccalauréat em 1808 como método de admissão para as grandes escolas (que já tinham<br />

seus próprios exames de entrada altamente competitivos) e para o serviço do governo. À<br />

medida que as línguas modernas foram ganhando importância na seleção de serviço<br />

público, foram também ganhando espaço nos exames de baccalauréat.<br />

Na Inglaterra, os exames universitários se espalharam na vida pública durante o<br />

século XIX, tornando-se um instrumento importante de política social. Originalmente, os<br />

poucos alunos graduandos demonstravam seu valor em Disputatio públicas conduzidas em<br />

latim. Como a Reforma destronou o ensino oral do latim as Disputatio perderam seu valor,

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