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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:24 Página 119<br />

no sistema de educação superior”. Se gun do Ca -<br />

tani e Oliveira:<br />

[...] desde o primeiro mandato presidencial de<br />

Fer nando Henrique Cardoso (1995-1998) têm si -<br />

do implementadas uma série de políticas e um<br />

con junto de medidas cotidianas que já confi gu -<br />

ram a existência de nova reestruturação da educa -<br />

ção superior no Brasil que envolve, em especial,<br />

um novo padrão de modernização e de geren cia -<br />

mento para o campo universitário, inclusos no<br />

atual paradigma de produção capitalista e na re -<br />

for ma da administração pública. Além disso, o<br />

governo vem empreendendo ações que tornem o<br />

ensino superior brasileiro cada vez mais variado,<br />

fle xível e competitivo, de acordo com a dinâmica<br />

do mercado, embora controlado e avaliado pelo<br />

estado (2000, p. 2-3).<br />

Essas mudanças dizem respeito, também, à<br />

pró pria sobrevivência da universidade pública,<br />

que necessita de recursos para a sua manutenção<br />

e expansão institucional; precisa aumentar a sua<br />

produtividade, o que inclui a exigência da produ -<br />

tividade de seus docentes, materializada, por<br />

exemplo, pela corrida desenfreada aos órgãos fi -<br />

nan ciadores, a submissão de projetos a diversos<br />

órgãos, quase que simultaneamente, o que con -<br />

tribui para a intensificação do trabalho docente,<br />

cotidianamente. Isso fica evidente, também, nas<br />

parcerias estabelecidas entre a universidade pú -<br />

blica e empresas particulares, buscando a pro du -<br />

ção de tecnologias que tornem as empresas mais<br />

competitivas e a instituição mais equipada para<br />

desenvolver o seu trabalho, ou seja, o conhe ci -<br />

mento vira um bem de troca, legitimado por um<br />

Estado ausente de seu papel de mantenedor da<br />

educação superior.<br />

Nesse contexto, que Catani e Oliveira (2001,<br />

p.182; 2000 p.3) compreendem como “identi da -<br />

des institucionais em processo de formulação”,<br />

espera-se das instituições, entre outras mudan -<br />

ças, a alteração do seu “modelo único”, caracte -<br />

ri zado pela indissociabilidade entre ensino, pes -<br />

quisa e extensão, que, historicamente, vinha ten -<br />

tando consolidar-se “como um sistema na cional<br />

com um maior grau de integração, homo genei da -<br />

Universidade e sociedade<br />

Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />

de, convergência, inclusive, afinado com o de sen -<br />

vol vimento econômico e social do país.”<br />

Chauí (2001), Catani e Oliveira (2001) ana li -<br />

sam que, a partir do momento em que a univer -<br />

si dade pública, compreendida como instituição<br />

social, científica e educativa, reconhecida histo ri -<br />

camente por sua capacidade autônoma de lidar<br />

com as idéias, buscar o saber, descobrir e inventar<br />

o conhecimento, abrir mão dessa identidade<br />

his tórica, ela poderá voltar-se para a reprodução<br />

do po der e das estruturas existentes e não à sua<br />

trans formação.<br />

Falando do familiar e estabelecendo interlocuções:<br />

estranhamento?<br />

As mudanças pelas quais a universidade tem<br />

passado no que tange à sua estrutura, funções e<br />

identidade, podem ser vistas em diferentes cam -<br />

pos. Aqui interessa-nos explicitar as implicações<br />

destas mudanças sobre o trabalho docente. Fala -<br />

mos, portanto, de um lugar de envolvimento e de<br />

análises, pois o trabalho no ensino superior tem<br />

nos possibilitado o convívio com as especi fici da -<br />

des de uma cultura e apreensão de alguns de seus<br />

significados.<br />

A experiência no magistério superior eviden -<br />

ciou-nos, entre outras questões, a solidão do<br />

exercício da docência na atual fase, pois cada pro -<br />

fessor parece estar centrado em questões indivi -<br />

duais, próprias, referentes aos seus alunos, seus<br />

pro jetos, suas pesquisas. Poucos são os espaços<br />

de troca, de reflexão sobre os avanços, desco ber -<br />

tas e entraves da prática docente. Pequenos são<br />

os momentos em que se conseguem driblar as<br />

demandas, muitas delas, burocráticas (relatórios,<br />

pareceres) e estabelecer uma interlocução, por<br />

exemplo, sobre os saberes a ensinar.<br />

Contudo, o campo universitário é feito de<br />

contradições. O exercício da profissão, a prática<br />

docente exige-nos, continuamente, a interlo cu -<br />

ção com o outro, haja vista os desafios de dife -<br />

ren tes ordens que a compõem, tais como: com -<br />

preender a cultura organizacional, as diversas re -<br />

gu lações do campo, as regras que definem os de -<br />

sempenhos; a seleção dos conhecimentos mais<br />

sig nificativos e a sua transposição para a prática<br />

DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 119

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