Editorial - Andes-SN
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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:22 Página 98<br />
Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />
debate com a publicação de Crítica da Razão<br />
Au sente9 . Por ocasião do lançamento do livro,<br />
A.M. Baptista, em uma entrevista, diz que a obra<br />
é uma resposta à resposta:<br />
Quase todos os que não desprezam o sentido co -<br />
mum sabem que, em ciência, as teorias, para se rem<br />
aceitas, têm de estar de acordo com as obser va ções<br />
e a experiência e que os cientistas acreditam que<br />
existe um mundo exterior ao pensamento. Por tan -<br />
to, existe uma parte lógica, racio nal, e outra derivada<br />
da observação e experiência. Me ta foricamente,<br />
acho que podemos até falar de uma dialéctica entre<br />
teoria e experiência. Os ob jec tos, os acontecimentos<br />
da investigação científica assim como os resultados<br />
por ela al can çados são independentes dos<br />
caprichos, das emo ções, da vonta de ou arbítrio dos<br />
investiga dores. A escola, de que faz parte o professor<br />
Sou sa Santos, diz que a "ciên cia" é outra coisa:<br />
é uma actividade que tem que produzir resultados<br />
sempre bons para a so ciedade (2004, p. 4) 10 .<br />
No Brasil, embora não tenhamos ainda uma<br />
série de discussões direcionadas nesse sentido,<br />
em 1999, a PUC-Rio realizou um Seminário In -<br />
ter nacional dedicado a refletir sobre as novas formas<br />
de compreender e produzir o saber, intitulado<br />
Novas Epistemologias: desafios para a Uni -<br />
ver sidade do Futuro 11 , que resultou em livro com<br />
o mesmo título. Para os organizadores, ha via<br />
necessidade de estimular uma urgente conscientização<br />
da universidade diante dos desafios, in -<br />
seridos no mundo atual, sobre as novas formas<br />
de compreender e produzir saber. O Seminário<br />
te ve caráter interdisciplinar, reunindo especialistas<br />
nacionais e internacionais da área das ciências<br />
humanas, sociais e naturais, dentre eles, um prê -<br />
mio Nobel em Física 12 . Entre os tópicos temáticos<br />
destacaram-se indagações envolvendo ques -<br />
tões epistemológicas específicas sobre o papel do<br />
conhecimento e sobre a sensação de incerteza nas<br />
duas culturas – a humanística e a científica. Para<br />
os organizadores, o debate crítico dessas ques -<br />
tões corresponde a uma avaliação, necessária e<br />
urgente, do próprio espaço universitário.<br />
Recentemente, várias publicações buscam ir<br />
para além das guerras da ciência e descobrir áreas de<br />
98 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />
consenso, particularmente nas discus sões acadêmicas<br />
e nas discussões no campo das po líticas (geral,<br />
científica e cultural). Há um en ten dimento de que os<br />
debates que vêm sendo tra vados impedem avan ços<br />
no campo das ciências e das culturas (SE GER S -<br />
TRAILE, 2000; LA BIN GER e COLLINS, 2001;<br />
LOPEZ e POTTER, 2001; SCOTT, 2000).<br />
Para o movimento after post-modernism, o<br />
prefixo after indica que há uma ambigüidade na<br />
pós-modernidade em relação a ter conti nui dades<br />
e descontinuidades epistemológicas e temporais<br />
com a modernidade. Entendem e discutem que,<br />
no presente, elementos de moder nidade coexistem<br />
com os de pós-modernidade. O movimento<br />
busca sair das amarras postas, ain da que inadvertidamente,<br />
pelos posicionamentos biná rios entre<br />
as defesas das verdades universais e do pensamento<br />
relativista. Connor (1992, p. 1), em suas<br />
análises, conclui que esses paradoxos não são<br />
mu tuamente excludentes, mas correlatos, e que<br />
ca da um requer, confirma e regenera o outro; as -<br />
sim, ao invés de escolhermos entre um e outro,<br />
eles devem ser pensados juntos. Em suas pala vras:<br />
“não devemos nos submeter nem à orientação em<br />
direção aos universais, aos valores absolutos e<br />
trans cendentes, nem ao pluralismo, relativismo e<br />
contingente”. O tempo presente se caracteriza co -<br />
mo o de um processo, sem uma determinada ela -<br />
bo ração final quanto às construções e desconstru -<br />
ções dos aspectos marcantes da mo der nidade.<br />
Em nosso estudo, acompanhamos o pensamento<br />
de Smith (1994) quando entende que, para<br />
o impasse entre os posicionamentos dos críticos<br />
e dos pós-modernos está colocado o sentido de<br />
urgência de respostas para intervir em educação,<br />
tanto teoricamente como materialmente, como<br />
uma preocupação do after post-modernism 13 .<br />
Acreditamos que, para os estudiosos da ques -<br />
tão da universidade, a conclusão de Mat thew man e<br />
Hoey (2006, p. 530) sobre o cenário atual é instiga -<br />
dora para tomarmos novas posições quanto à educação<br />
superior. Da mesma forma como são pos tas<br />
as questões pelo movimento after post-moder nism,<br />
os autores argumentam que “seria um erro pretender<br />
que 20 anos de teoria social nun ca existiram,<br />
além disso, seria igualmente errado pretender que o<br />
Universidade e sociedade