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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:28 Página 192<br />

Debates Contemporâneos<br />

tu ra de massa, o discurso ideológico do consumo<br />

se apresenta no mundo social dos indivíduos. Por<br />

intermédio da comunicação de massa - principal -<br />

mente a televisão, cujo alcance é maior, em rela -<br />

ção aos demais veículos de informação - percebe -<br />

mos como o sistema capitalista legitima a sua ne -<br />

ces sidade constante de reprodução e afirmação de<br />

uma economia de mercado voltada para os bens<br />

de consumo em massa. Em vista disto, cabe aos<br />

ideólogos deste sistema estabelecer uma varieda -<br />

de de apelos transmitidos pela mídia para promo -<br />

ver e justificar o consumismo em nossa socieda -<br />

de. Um dos aspectos relevantes, ressaltados por<br />

Guy Debord (1997) em A Sociedade do espetá cu lo,<br />

refere-se à discussão da ideologia do consumo,<br />

par ticularmente à concepção de mercadoria en -<br />

quan to espetáculo.<br />

Segundo Debord, a mercadoria quando se ex -<br />

pressa na realidade objetiva dos indivíduos apre -<br />

senta-se com um caráter ilusório. Este autor re -<br />

corre às análises feitas por Marx (1985) a respei to<br />

do caráter fetichista da mercadoria, que enco bre<br />

as relações sociais de trabalho entre os ho mens.<br />

Valendo-se do conceito de reificação posto por<br />

Lukács (1974), Guy Debord observa, nas mer ca -<br />

dorias, o espetáculo de um mundo povoado por<br />

imagens, símbolos e objetos representativos de<br />

uma idéia consumista.<br />

O princípio do fetichismo da mercadoria, a do -<br />

minação da sociedade por “coisas supra-sensíveis<br />

embora sensíveis”, se realiza completamente no<br />

es petáculo, no qual o mundo sensível é substi tuí -<br />

do por uma seleção de imagens que existe acima<br />

dele, e que ao mesmo tempo se fez reconhecer co -<br />

mo sensível por excelência. O mundo presente e<br />

ausente que o espetáculo faz ver é o mundo da<br />

mer cadoria dominando tudo o que é vivido. E o<br />

mun do da mercadoria é, assim, mostrado como ele<br />

é, pois seu movimento é idêntico ao afastamento<br />

dos homens entre si e em relação a tudo que pro -<br />

du zem (DEBORD, 1997, p.28).<br />

Logo, a mercadoria 1 aparece como se fosse<br />

uma força social autônoma, abarcando toda a vi -<br />

da so cial. No mundo atual, acrescenta-se ao feti -<br />

che da aparência da mercadoria o processo de<br />

192 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />

pro du ção, reprodução e exposição de imagens<br />

que visa a dotá-la de um valor afetivo, com vistas<br />

a satis fa zer impulsos que a publicidade suscita<br />

nos consu mi dores. Para Debord, a sociedade do<br />

espetáculo vê o consumidor como um mero com -<br />

pra dor de fantasias, desejos e ilusões despertados<br />

pela mer ca doria. Também é de se notar que o uni -<br />

verso que configura a sociedade de consumo é um<br />

ambiente ideológico onde a liberdade de escolha<br />

dos indiví duos se situa no âmbito das mercado -<br />

rias definidas e padronizadas, no mundo do mer -<br />

cado. Anali san do essa mesma problemática, Ja -<br />

me son afirma:<br />

[...] em seu uso geral, o mercado como conceito<br />

ra ramente tem qualquer relação com a escolha ou<br />

a liberdade, uma vez que estas nos são todas deter -<br />

mi nadas de antemão, quer falemos de novos mo -<br />

delos de automóveis, brinquedos ou progra mas de<br />

televisão: escolhemos entre estes, sem dú vida, mas<br />

dificilmente se poderia dizer que temos alguma in -<br />

fluência na escolha efetiva de qualquer de les (1996,<br />

p.284-285).<br />

Jameson vê, na sociedade capitalista mo -<br />

derna, o predomínio de uma lógica que prima<br />

pela crescente mercantilização das relações so -<br />

ciais, imposta ideologicamente pelos defensores<br />

do mercado. Por isso, o autor contrapõe-se aos<br />

es sencia lis tas que defendem o mercado, desco -<br />

nhe cendo o impacto da ideologia sobre os indiví -<br />

duos, que se tornariam “consumidores ideoló -<br />

gicos” (JAME SON,1996).<br />

Assim, o autor enfatiza uma tendência de ma -<br />

ni pulação executada por agentes publicitários so -<br />

bre o comportamento e ações dos indivíduos,<br />

transformados em consumidores, que se traduz<br />

em passividade e esvaziamento da crítica em re la -<br />

ção aos ditames da sociedade de consumo.<br />

O que vemos, atualmente, como uma forte<br />

ten dência frente ao mercado em rápida trans for -<br />

mação é o gradativo “desaparecimento” do mer -<br />

cado físico, em direção a uma perspectiva que<br />

propõe identificar o produto com sua imagem,<br />

marca ou logotipo.<br />

Desta forma, os meios de comunicação de<br />

mas sa seriam os agentes promotores de uma mu -<br />

Universidade e sociedade

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