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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:14 Página 15<br />

mos, significa dizer que o capital pro cura trans -<br />

formar tudo “à sua ima gem e seme lhan ça”. Des -<br />

cer ra-se assim uma verdadeira ba ta lha ideológica<br />

nas mais diversas esferas da socie dade civil para<br />

al cançar o con senso necessário à adoção das re -<br />

for mas. Os agen tes da burguesia or ganizada, de<br />

forma consciente ou não, vin cu lam a idéia de que<br />

tudo o que é bom se identifica com o que vem da<br />

iniciativa privada. É preciso ver o mundo sob a<br />

óti ca da iniciativa privada, é preciso inclusive tor -<br />

nar o Estado mais permeável aos conceitos e prin -<br />

cí pios vigentes no universo empresarial.<br />

A teia do capital se estende com a intenção de<br />

subsumir a esfera pública à lógica do capital. O<br />

discurso é o da modernização, mas, a rigor, tratase<br />

de modernização conservadora cuja intenção é<br />

tornar a aparelhagem estatal mais próxima do<br />

próprio modo de ser do capital. Isto resulta no<br />

re crudescimento do individualismo, na pene tra -<br />

ção do ethos empresarial e do empreen dedorismo<br />

de livre iniciativa nos princípios que regem o trabalho,<br />

na aparelhagem estatal. As reformas se<br />

encontram saturadas por conteúdos ético-po lí ti -<br />

cos do novo homem-massa, que a atual or ga ni za -<br />

ção do trabalho tende a gerar.<br />

Nesse sentido, na disputa polí -<br />

tico-ideológico para enfraquecer<br />

o ethos do tra ba lho, em favor do<br />

ethos do capital, é co nhecida a as -<br />

sertiva da bur gue sia, quando vin -<br />

cula a idéia de que, atu almente,<br />

não existem mais tra balhadores e<br />

pa trões, pois todos se riam deten -<br />

to res de deter mi nado tipo de ca -<br />

pital. Segundo tal ótica, falsea -<br />

dora do real, os traba lha do res se -<br />

riam empresários de suas com -<br />

petências ou habili da des. De ve ri -<br />

am se ver livres, por tanto, de<br />

qual quer tipo de le gis la ção que<br />

en travem a “ne go cia ção” dessas<br />

competên cias e habi li da des, no<br />

mer cado de traba lho. Daí decorre<br />

o pressu posto, de fen dido pelo<br />

em presa riado, de que atual mente<br />

o “negociado de ve preva lecer so -<br />

Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />

Ampliam-se as matrículas<br />

nas universidades, bem<br />

como o número de cursos.<br />

Tudo sem contrapartida<br />

em termos de criação<br />

de estrutura física e<br />

a necessária contratação<br />

de mais professores<br />

e servidores<br />

técnico-administrativos,<br />

ou seja, sem o orçamento<br />

correspondente para fazer<br />

frente às necessidades<br />

de qualidade, tanto do<br />

ponto de vista do “posto<br />

de trabalho” quanto do<br />

ponto de vista da qualidade<br />

dos cursos e das pesquisas.<br />

bre o legislado”. Não se co loca mais, como me -<br />

dia ção nes se pro cesso de retirada de direitos e de<br />

pre ca rização do tra ba lho, a correlação de forças,<br />

no tadamente des favorável aos trabalhadores<br />

nes se processo de “negociação”.<br />

É nos anos 90, com a ascensão dos governos<br />

neoliberais, que toma corpo, no país, a rede fi ni -<br />

ção do processo de trabalho na aparelhagem es -<br />

ta tal, que se relaciona com a mudança nos con -<br />

ceitos de gestão e, mesmo, de finalidade do Esta -<br />

do. São incorporados os fundamentos da no va<br />

he gemonia do capital na implementação das re -<br />

for mas conservadoras já mencionadas. Ao pas so<br />

em que o Estado Brasileiro incorpora prin cípios<br />

da iniciativa privada na gestão dos serviços pú -<br />

blicos e no processo de trabalho do seu fun cio na -<br />

lismo, observa-se um fenômeno cres cente de per -<br />

das salariais dos professores e servidores das uni -<br />

versidades públicas. Ao mesmo tempo, am pliamse<br />

as matrículas nas universidades, bem co mo o<br />

número de cursos. Tudo sem contra par ti da em<br />

termos de criação de estrutura física e a ne ces -<br />

sária contratação de mais professores e ser vido -<br />

res técnico-administrativos, ou seja, sem o or -<br />

çamento cor res pondente para fa -<br />

zer frente às ne cessidades de qualidade,<br />

tanto do ponto de vis ta do<br />

“posto de tra ba lho” quanto do<br />

ponto de vista da qua lidade dos<br />

cursos e das pes qui sas. Os indi ca -<br />

dores de ava lia ção pas sam também<br />

a ser os mes mos da lógica posta pe -<br />

la orga ni zação da pro dução de<br />

mer ca dorias, ou seja, o maior nú -<br />

mero, em menor tempo e com me -<br />

nor custo.<br />

Na medida em que a luta polí -<br />

tico-ideológica pende a favor do<br />

novo projeto hegemônico da bur -<br />

guesia, a universidade passa a<br />

trans formar a natureza do traba -<br />

lho coletivo de produção do co -<br />

nhe cimento. O trabalho em grupo,<br />

por exemplo, fundamento essen -<br />

cial do fazer universitário, assume<br />

características despolitizantes e<br />

Universidade e sociedade DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 15

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