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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:19 Página 55<br />

Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />

se’ para cidadãos de ‘segunda’”. Em sua con cep -<br />

ção original, os colégios comunitários pre ten -<br />

diam que os dois anos dos cursos ofere ci dos ca -<br />

pa citassem os seus alunos para o exer cício de ati -<br />

vi dades na socie da de (para o qual for ne ce riam um<br />

“associated de gree”) bem como pa ra a con ti nui -<br />

dade de estudos, trans ferindo, neste ca so, os cré -<br />

di tos obtidos para uma IES que ofer tas se o ba -<br />

charelado de qua tro anos. Para isso, os cur rí cu los<br />

de ve riam dar conta, ao mesmo tem po, das de -<br />

man das do mercado, com con teú dos apli cáveis<br />

imedia ta men te, e do ri gor acadêmico exi gi do nas<br />

IES que ofertam os cursos de qua -<br />

tro anos (GHI SOLFI, 2004).<br />

Na prática, acaba sendo um pa -<br />

radoxo e, se gundo ainda Brint e Ca -<br />

ra bel, a legitimação do sis tema ba -<br />

seia-se na demanda social e na pos -<br />

sibilidade isolada que cada es tu dante<br />

possui, ou não, de conti nuar os es tu -<br />

dos em outra institui ção que forneça<br />

o bacharelado, vi sando à as cen são<br />

so cial, mediante a me lho ria na sua<br />

for mação, que, em te se, deve resultar<br />

em melhores em pre gos. Mas, a prin -<br />

cipal tarefa dos cur sos de dois anos é<br />

“justa mente a de reter a de manda<br />

po pu lar por va gas nas IES tradicio -<br />

nais, con ser van do-as co mo ins ti tui -<br />

ções destinadas à realização de pes qui sas e a for ma -<br />

ção das elites” (GHI SOLFI, 2004).<br />

Assim, tanto o bacharelado geral proposto na<br />

“Universidade Nova” quanto o proposto na ver são<br />

UnB não são equivalentes aos das univer sidades<br />

americanas (cujos cursos são de quatro anos), mas<br />

podem, sim, servir ao papel que os co légios comu -<br />

nitários exercem na sociedade americana.<br />

Eles também não são compatíveis com o mo -<br />

de lo unificado de bacharelado decorrente do<br />

processo de Bolonha. Neste, em virtude das ne -<br />

cessidades decorrentes da implantação da Comu -<br />

nidade Européia, o que se objetiva é compa ti bi -<br />

lizar a formação profissional, entre os vários paí -<br />

ses, pela adequação do desenho curricular, que<br />

variava bastante, de país para país. O novo de se -<br />

nho proposto é o da graduação em três ou qua-<br />

Tanto o bacharelado<br />

geral proposto na<br />

“Universidade Nova”<br />

quanto o proposto na versão<br />

UnB não são equivalentes<br />

aos das universidades<br />

americanas<br />

(cujos cursos são de<br />

quatro anos), mas podem,<br />

sim, servir ao papel<br />

que os colégios<br />

comunitários exercem<br />

na sociedade americana.<br />

tro anos (medidos em unidade de cré dito acadêmico<br />

unificado), que po de ser seguida de mestrado<br />

de dois anos e doutorado de três anos. O<br />

curso de gra duação continua fo ca do na for ma ção<br />

pro fis sional. A for mação geral na Comu ni dade<br />

Eu ro péia é completada no ensino médio, que, na<br />

maio ria daqueles paí ses, é em tempo integral<br />

(MCTES, 2007).<br />

A falácia dos argumentos<br />

Além do argumento da neces sidade de com -<br />

patibilização curri cular (Bolonha e EUA), que,<br />

con forme vimos, é bastante ques -<br />

tio ná vel, o outro argumento prin -<br />

cipal que é utilizado para justi fi car a<br />

ne ces sidade da implantação da Uni -<br />

versi da de Nova, e que tam bém se<br />

en contra presente no REUNI, é o<br />

de que os estudantes são obri ga dos<br />

a escolher preco ce mente a pro fis são<br />

e que isto tem resultado nos altos<br />

ín dices de evasão veri fi cados nas<br />

IFES. Isto é uma falácia, pois o ar -<br />

gu mento é colocado como se ver da -<br />

deiro fosse, sem a apre sen tação de<br />

qualquer dado concreto de pes qui sa<br />

que possa respaldá-lo.<br />

De fato, encontramos poucas<br />

pes quisas que tratam de avaliar qua -<br />

litativamente os motivos da evasão, do ponto de<br />

vista dos estudantes. As que pudemos analisar (Es -<br />

tudos sobre Evasão) 1 não dão base de sus ten tação<br />

para o argumento apre sentado nos semi ná rios. O<br />

grande fator, expli cando cerca de 40 a 50%, da eva -<br />

são nas IFES, e também nas IES pri vadas, é a<br />

incompatibilidade entre o estudo e o tra balho, as -<br />

so ciada à susten tação financeira do estudante ou de<br />

sua família. A influência sobre a eva são de fatores<br />

que pode riam ser ligados à es colha precoce do cur -<br />

so (ou da profissão) é apenas de cerca de 10%. Na -<br />

tural mente, devemos nos preo cupar com estes fa -<br />

to res também, mas propor toda uma remodelação<br />

cur ricular para tentar re solver o problema de 10%<br />

e es quecer dos ou tros 90%, que não vão ser resol -<br />

vidos pela pro pos ta de “Universidade Nova”, é<br />

mui to esforço para pouco resultado.<br />

Universidade e sociedade DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 55

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