Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:14 Página 13<br />
Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />
ca tegoria, estão os professores das univer si dades<br />
estaduais e federais, dentre outros seg mentos do<br />
funcionalismo público.<br />
Ocorre que a dinâmica da precarização, que<br />
passa pela intensificação do ritmo do trabalho em<br />
paralelo ao achatamento e perdas salariais (a ló gi -<br />
ca de se produzir mais com menores custos se<br />
ma nifesta aí claramente), de captura da subje ti -<br />
vidade do trabalhador e de retirada de direitos,<br />
al cança todo o conjunto do proleta riado. As es -<br />
pe cificidades existem, haja vista que o processo<br />
de trabalho é diferente, mas o fundamento geral<br />
que estrutura a reprodução ampliada do capital e<br />
a situação de classe de segmentos aparentemente<br />
diversos como os trabalhadores que realizam o<br />
trabalho produtivo e os que rea li -<br />
zam o trabalho improdutivo, os<br />
co loca em uma mesma condi ção:<br />
ambos precisam vender a sua for -<br />
ça de trabalho pa ra viver, am bos<br />
es tão submetidos à mesma ló gica<br />
de exploração do trabalho, tan to<br />
em termos obje ti vos, quanto em<br />
ter mos subjetivos. As deter mi na -<br />
ções objetivas e sub jetivas do pro -<br />
cesso de trabalho ca pitalista na<br />
atualidade inter ferem na preca ri -<br />
za ção da atividade do cen te, parti -<br />
cularmente na uni ver si dade pú bli -<br />
ca. Deteremos-nos agora no exa me<br />
dessas deter mina ções.<br />
A determinação objetiva, mais<br />
geral, do processo atual de pre ca -<br />
ri zação do trabalho docente re -<br />
mon ta às redefinições que se ope ram nas bases de<br />
cumulação do ca pital nas três últimas décadas. Vi -<br />
mos que as crises nas bases de acumulação são<br />
recorrentes na di nâmica do capitalismo. Nesses<br />
momentos, é pos sível observar, em particular, a<br />
intensificação das dificuldades cíclicas no pro -<br />
cesso de reali za ção da mercadoria e do lucro, so -<br />
bretudo em pe ríodos de superprodução, como o<br />
que se ma ni fes tou mais claramente, em meados<br />
dos anos 1970, e que en gendrou a crise orgânica<br />
contem porânea. A difi culdade supracitada se<br />
exa cerba e se manifesta en quanto crise estrutural<br />
A dinâmica da precarização,<br />
que passa pela intensificação<br />
do ritmo do trabalho em<br />
paralelo ao achatamento e<br />
perdas salariais (a lógica<br />
de se produzir mais com<br />
menores custos se manifesta<br />
aí claramente), de captura<br />
da subjetividade do<br />
trabalhador e de retirada<br />
de direitos, alcança todo o<br />
conjunto do proletariado.<br />
As especificidades existem,<br />
haja vista que o processo<br />
de trabalho é diferente.<br />
quando, na composição do capital global, passa a<br />
haver certo dese qui líbrio entre a massa de capital<br />
constante (capital inicial disponibilizado pelo ca -<br />
pitalista, es truturas físicas, máquinas, instalações,<br />
pro du tos etc.) e o capital variável. Entenda-se<br />
tam bém este último como os custos relacionados<br />
à par ti ci pação do trabalho humano na geração do<br />
va lor por inter mé dio da produção da mais-valia<br />
(tra balho não pago) explorada pelo capitalista, a<br />
fon te geradora de riqueza concreta no capi ta lis -<br />
mo, em última instância. Um dos entraves fun -<br />
damen tais na rea li zação do lucro pode ser vi sua -<br />
lizado quando, na composição do capital glo bal,<br />
o mon tante do capital constante se sobrepõe ao<br />
ca pital variável. Passa, então, pela elevação dos<br />
custos que o ca pi talista tem com o<br />
valor das for ças pro dutivas (mui -<br />
tas vezes, in clusive, com ele vação<br />
dos salá rios), em com para ção ao<br />
que é ge rado pelo valor do tra ba -<br />
lho. Em ou tras pa la vras, a re la ção<br />
entre elevação do cus to que o ca -<br />
pi talista tem com o preço da for ça<br />
de tra balho frente ao va lor do tra -<br />
balho. A solução clás sica apon tada<br />
pelo capital é po ten cia lizar a pro -<br />
duti vidade do tra ba lho vivo. A re -<br />
du ção relativa dos salá rios, em de -<br />
tri mento da in cor po ra ção de ca pi -<br />
tal físico, mani fes ta-se como outra<br />
contra-ten dên cia à cri se. Inicial -<br />
men te relacio nada com os setores<br />
que realizam di re tamente a produ -<br />
ção de mais-valia, o fenô me no<br />
abar ca também os setores on de o processo de<br />
tra ba lho não produz diretamente a mais-valia, a<br />
exemplo da aparelhagem estatal.<br />
Em meio a esse cenário de desequilíbrio na<br />
composição orgânica do capital, as organizações<br />
da burguesia se articulam em duas frentes. A pri -<br />
meira visa a desonerar a produção mediante a re -<br />
du ção dos custos do trabalho, via redução das ta -<br />
xações que incidem sobre o capital, bem como<br />
pela retirada de direitos dos trabalhadores, um<br />
dos alvos principais, pois, na ótica do capital,<br />
one rariam a produção e “enrijeceriam” eventuais<br />
Universidade e sociedade DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 13