Editorial - Andes-SN
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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:25 Página 137<br />
Universidade e sociedade<br />
Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />
cional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),<br />
em uma amostra nacional de quase 39 mil tra ba -<br />
lhadores da área, o Laboratório de Psicologia do<br />
Trabalho da Universidade Nacional de Bra sí lia<br />
(UnB) investigou doença profissional, cuja ori gem<br />
se deve ao estresse laboral. Identificou 31,9% dos<br />
trabalhadores apresentando baixo en vol vimento<br />
emocional com as tarefas, 25,1% apre sentando<br />
exaustão emocional, e 10,7% com desperso na li -<br />
zação. Se perguntarmos pela inci dên cia, em nível<br />
preocupante, de pelo menos uma das três di men -<br />
sões que compõem o Burnout (exa us tão emo cio -<br />
nal, baixo envolvimento emo cional e des per so na -<br />
lização), estaremos falando de 48.4% da ca te goria,<br />
quase metade de toda a população es tudada<br />
(CODO, 1999).<br />
A Síndrome de Burnout, na verdade, afeta a<br />
categoria de pessoas trabalhadoras do ensino, no<br />
Brasil, em todos os níveis da federação, a exem -<br />
plo do que verificamos em nosso estudo sobre a<br />
problemática, no interior de Mato Grosso. De<br />
fa to, os índices determinados para cada uma das<br />
três dimensões de Burnout são ainda um pouco<br />
mais elevados, respectivamente, no Estado de<br />
Ma to Grosso, como um todo, e na amostra re co -<br />
lhida em seu interior, em relação à média na -<br />
cional; a despersonalização no trabalho atingiu a<br />
cifra preocupante de 26,67%, no interior de Ma -<br />
to Grosso (ARAÚJO-GONÇALVES, 2004).<br />
Indícios que caracterizam a manifestação<br />
da Síndrome<br />
Conforme apontam Maslach & Jackson (1981),<br />
os trabalhadores acometidos pela Síndro me apresentam<br />
sintomas de esgotamento emo cio nal, físico<br />
e psíquico, muito acentuados, além da des -<br />
personalização e da baixa realização pro fissional.<br />
Para Fidalgo de Freitas (1999), o quadro da<br />
Sín drome de Burnout costuma obedecer à se -<br />
guin te sintomatologia: além do esgotamento emo -<br />
cional, da despersonalização ou da desu ma niza -<br />
ção há sintomas físicos indicativos de estresse,<br />
como, por exemplo, cansaço e mal-estar geral.<br />
As sim, independente do tipo de estresse, a Sín -<br />
drome de Burnout tem a possibilidade de im pli -<br />
car transtornos psicossomáticos. Estes, nor mal -<br />
men te, se manifestam como fadiga crônica, do -<br />
res de cabeça freqüentes, distúrbios do sono,<br />
úl ceras digestivas, taquirritmias, hipertensão<br />
arterial e distúrbios gastrointestinais, com per -<br />
da de peso, dores musculares e de coluna, além<br />
de alergias. E, neste sentido, observa-se que as<br />
so matizações manifestas com maior freqüência<br />
são alterações da pressão arterial, complicações<br />
gas trointestinais, depressão, dificuldade de con -<br />
centração, distúrbios na memorização, insônia,<br />
queda no ritmo normal de trabalho, sudorese e<br />
taquicardia.<br />
Ao longo do processo de desenvolvimento<br />
da Síndrome de Burnout ocorrem manifestações<br />
emocionais e manifestações comportamentais,<br />
ex plicitadas pela probabilidade de condutas adi -<br />
tivas e de esquiva. Há considerável aumento da<br />
ingestão de café, de álcool e do uso de cigarros.<br />
Ocorre o emprego de fármacos e drogas ilegais,<br />
aliado ao absenteísmo, baixo rendimento pessoal,<br />
distanciamento afetivo dos alunos e colegas, co -<br />
mo forma de proteção do ego. O profissional em<br />
Burnout expressa aborrecimento constante, ati -<br />
tude cínica, impaciência e irritabilidade, senti -<br />
men to de onipotência, desorientação, incapa ci -<br />
da de de concentração, sentimentos depressivos,<br />
freqüentes conflitos interpessoais no ambiente de<br />
trabalho e na própria família. Aguçadas pela au -<br />
sência de realização pessoal, há tendências a ava -<br />
liar o próprio trabalho de forma negativa, per cep -<br />
ção de insuficiência profissional, senti mentos de<br />
vazio, esgotamento, fracasso, impo tência, em su -<br />
ma, baixa auto-estima. Ocorre tam bém a perda do<br />
interesse, não apenas daquele di recionado para o<br />
trabalho, como também para o lazer e uma di mi -<br />
nuição na flexibilidade com por tamental.<br />
Em síntese, destacam-se como principais in -<br />
dícios sintomáticos da manifestação da Síndro -<br />
me, o cansaço emocional, em que a pessoa aco -<br />
me tida percebe-se esvaecendo, como se não ti -<br />
vesse mais energia vital, e por isso, não podendo<br />
dar mais nada de si mesma, durante as atividades<br />
de trabalho. Tal situação resulta da falta de reali -<br />
zação pessoal, afetando sobremaneira a eficiência<br />
e habilidade para a realização de tarefas e para<br />
ade quar-se à organização. Por fim, surge a des -<br />
DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 137