Editorial - Andes-SN
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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:29 Página 203<br />
O crescimento do ensino médio<br />
na contramão da qualidade<br />
Ramon de Oliveira<br />
Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Membro do Núcleo de Pesquisa em Políticas,<br />
Planejamento e Gestão da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE<br />
E-mail: ramono@elogica.com.br<br />
Resumo<br />
Tendo como referência dados relativos à expansão da oferta do Ensino Médio brasileiro, o autor<br />
pro cura explicitar o quanto o crescimento das matrículas neste nível de ensino ocorreu concomitan te -<br />
mente à ausência da garantia de condições infra-estruturais e da contratação de professores que garan -<br />
tis sem uma ampliação da oferta pública de vagas com a manutenção/crescimento da qualidade do ensino.<br />
Destaca-se também a importância de uma maior participação do poder público federal no fi nan -<br />
ciamento do Ensino Médio, como condição da melhoria de sua qualidade.<br />
Palavras-chaves: Ensino Médio; Financiamento da Educação; Política Educacional<br />
Após o Brasil ter alcançado a quase universa -<br />
lização do Ensino Fundamental, volta-se um<br />
pou co mais a atenção para o Ensino Médio.<br />
Reconhecer o quanto foi ampliado o acesso e a<br />
per ma nência das crianças no Ensino Funda men -<br />
tal, não implica dizer que o mesmo alcançou a<br />
qua lidade desejada. Os resultados do ENEM<br />
(Exa me Nacional do Ensino Médio) explicitam o<br />
quanto se precisa melhorar no referente à ga ran -<br />
tia de uma educação pública de qualidade.<br />
O Ensino Médio, como destacou a Pro fesso -<br />
ra Maria Sylvia Bueno (2000), é, na constelação<br />
edu cacional brasileira, uma “estrela fugidia”.<br />
Estrela, por ser visualizado ou destacado, em<br />
muitos momentos da história da educação bra -<br />
sileira, como sendo ou reservado a uns poucos<br />
pri vilegiados – e nesse caso destina-se à formação<br />
das individualidades condutoras– ou é conside ra -<br />
do um instrumento visando à formação de qua -<br />
dros para elevar o nosso desenvolvimento econô -<br />
mico. No segundo caso, a via foi formação de<br />
mão obra qualificada com maior valor agregado.<br />
O posicionamento dessa pesquisadora (BUE -<br />
NO, 2000), que espero estar traduzindo corre ta -<br />
mente, é a base sobre a qual entendo que se deva<br />
pautar a análise das políticas para o Ensino Mé -<br />
dio brasileiro.<br />
Entendo que no âmbito dessa dupla visuali -<br />
za ção do Ensino Médio está o cerne da confusão<br />
histórica acerca do seu papel: formar para a con -<br />
DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 203