Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:27 Página 176<br />
Debates Contemporâneos<br />
As Medidas Provisórias parecem renovar o<br />
poder de Decreto, em vigor durante o regime mi -<br />
li tar, uma vez que permitem ao Executivo alterar<br />
o status quo, introduzindo norma jurí dica, sem a<br />
prévia aquiescência do Legislativo. Por esse mo -<br />
ti vo, constituem-se em meio eficiente para indu -<br />
zir os parlamentares à cooperação, já que lhes<br />
apre sentam a situação dada, principalmente con -<br />
siderando a celeridade a que os mesmos ficam<br />
obri gados na sua tramitação. O seu caráter im po -<br />
sitivo fica acrescido, ainda, pelo fato de que a li -<br />
mi tação da sua utilização em casos de relevância<br />
e urgência não tem sido observada pelo Exe cu ti -<br />
vo, nem controlada pelo Legislativo (DINIZ, 1997;<br />
FIGUEIREDO e LIMONGE, 1999; LI MONGE<br />
e FIGUEIREDO, 2003; M. M. A. RODRIGUES,<br />
2002; RODRIGUES e ZAULI, 2002; AMORIM<br />
NETO e TAFNER, 2002; SAM PAIO, 2004;<br />
COU TO, 1998; CAREY e SHUGART, 1998).<br />
O Colégio de Líderes detém significativos<br />
po deres no processo legislativo, uma vez que in -<br />
fluencia a definição da Ordem do Dia e usufrui<br />
das prerrogativas de escolher e substituir os mem -<br />
bros das comissões, bem como de requerer ur -<br />
gência para as proposições em Plenário, o que ga -<br />
rante um certo controle sobre o andamento das<br />
matérias. A tramitação em regime de urgên cia ou<br />
urgência urgentíssima resulta no esvazia mento<br />
das Comissões, que perdem a capacidade de fazer<br />
valer as suas preferências e ficam rele ga das a um<br />
segundo plano nos trabalhos legis la tivos. Pelas prer -<br />
rogativas que possuem, os líderes partidários exer -<br />
cem, ainda, o papel de coorde na ção entre os inte res -<br />
ses dos partidos que repre sentam e o Exe cu tivo,<br />
centralizando as negocia ções entre am bos, inclusive<br />
os recursos de patro na gem dispo ní veis. Esta coor -<br />
denação permite aos líderes exer cerem significativa<br />
influência so bre os par tidos, os quais, nos mo men -<br />
tos de vota ção, têm revelado com portamento alta -<br />
mente dis ciplinado, se guindo, na maioria dos casos,<br />
o vo to sugerido pelos líderes partidários, fato que<br />
parece contrariar as teses que ignoram os par ti dos<br />
como meio de or ganização da atividade política, no<br />
Le gis lativo (FI GUEIREDO e LI MONGE, 1999;<br />
FI GUEI RE DO, 2001; SAN TOS, (2002); SAN -<br />
TOS, MACHA DO e RO CHA, 1997).<br />
176 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />
A garantia de exclusividade legislativa em de -<br />
terminadas matérias, sobretudo as relativas ao<br />
or çamento, confere importantes meios de con -<br />
tro le ao Executivo, não só da agenda econômica,<br />
como do comportamento dos congressistas, que<br />
são vulneráveis face ao Executivo, em virtude do<br />
fato de que necessitam da execução das suas<br />
emendas ao orçamento, como meio de obter vo -<br />
tos junto às suas bases. Esta execução depende do<br />
Poder Executivo, que detém ainda amplos po -<br />
deres para definir a pauta do Legislativo porque<br />
pode solicitar unilateralmente urgência para as<br />
suas proposições (FIGUEIREDO e LI MON -<br />
GE, 1999; PEREIRA e MUELLER, 2002; SAN -<br />
TOS, MACHADO e ROCHA, 1997).<br />
Esse conjunto de fatores corrobora para ga -<br />
rantir ao Executivo inequívoco controle sobre a<br />
agenda legislativa, com predomínio sobre o total<br />
de leis sancionadas e alta proporção de apro vei ta -<br />
mento em relação às proposições que inicia no<br />
Con gresso Nacional. Já as proposições iniciadas<br />
pelos parlamentares revelam um percentual de<br />
aproveitamento muito aquém daquele apre sen tado<br />
pelo Executivo e não parecem usufruir da es tru tu -<br />
ra partidária como meio de organização. Os ele -<br />
mentos que parecem influenciar o sucesso das pro -<br />
posições apresentadas pelos parlamen ta res se re fe -<br />
rem mais às suas características pes soais, tais como<br />
antigüidade na carreira legis lativa, força eleitoral,<br />
posição ocupada na estru tu ra burocrática do Le -<br />
gislativo ou mesmo a ex pe riência anterior no Exe -<br />
cutivo (AMORIM NE TO e SANTOS, 2002).<br />
O conteúdo das proposições aprovadas in di -<br />
ca uma divisão do trabalho legislativo entre os<br />
po deres Executivo e Legislativo. Enquanto, ao<br />
pri meiro, tem cabido a definição da agenda eco -<br />
nômica e administrativa, o segundo, tem se de -<br />
dicado à agenda social (FIGUEIREDO e LI -<br />
MON GE, 1999). Entretanto, essa agenda social<br />
não parece ocupar-se dos temas que definem efe -<br />
ti vamente as políticas públicas nacionais, mas<br />
àqueles que se referem aos temas cotidianos do<br />
ci dadão comum (AMORIM NETO e SANTOS,<br />
2002). Do mesmo modo, há indicativos de que,<br />
por meio da agenda econômica e do poder de ve -<br />
to, o Executivo subordina a agenda social do Le -<br />
Universidade e sociedade