Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
Editorial - Andes-SN
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:26 Página 167<br />
ver do Estado e direito de cidadania. Esta infle xão<br />
é fundamental, posto que a Assistência Social,<br />
“pa ra se confirmar como política pública obrigase<br />
a ter como balizamento não os neces sitados,<br />
mas as necessidades sociais em sentido ilimi ta -<br />
do. Isso indica que deve buscar garantir um pa -<br />
drão mínimo de vida a todo o cidadão, sem a ins -<br />
tância da contributividade.” (UFRJ/ESS, 2000, p.<br />
4 – grifos nossos).<br />
Portanto, “cabe à Assistência Social ações de<br />
prevenção e provimento de um conjunto de ga -<br />
ran tias ou seguranças que cubram, reduzam ou<br />
previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades so -<br />
ciais” (SPOSATI apud YAZBEK, 2004, p. 14).<br />
Des ta forma, é facilmente perceptível que a Assis -<br />
tência Social abarca um vasto, heterogêneo e com -<br />
plexo leque de áreas, gêneros, faixas etárias, etnias<br />
e necessidades (idosos, dependentes quí micos, de -<br />
sempregados, crianças e adolescentes etc) e, por<br />
isso, deve ser vista em sua relação com outras Po -<br />
líticas Sociais.<br />
No caso em tela, deve haver interação com a<br />
Política de Educação 4 , que também teve reforçada<br />
seu status de Política Pública. Sua expressão é<br />
cris talina: Art. 206. “O ensino será ministrado com<br />
base nos seguintes princípios: I - igualdade de<br />
con dições para o acesso e permanência na es cola<br />
[...]” (BRASIL, 1988 – grifos nossos).<br />
A reestruturação neoliberal<br />
Malgrado as conquistas obtidas em termos de<br />
direitos sociais na Constituição de 88, a chegada<br />
do neoliberalismo no Brasil, pouco depois da sua<br />
aprovação, implica liminarmente um retrocesso<br />
nestas concepções.<br />
Uma das transformações mais importantes foi<br />
a redução da atuação do Estado, pois, no centro<br />
da proposta neoliberal encontra-se a idéia de que<br />
é necessário limitar a intervenção do Estado em<br />
di versas áreas (notadamente aquelas relacionadas<br />
às Políticas Sociais), atribuindo-lhe uma função<br />
estritamente reguladora, alertando que, caso con -<br />
trário, de acordo com essa percepção, se estaria<br />
destruindo a liberdade dos indivíduos. Os estra -<br />
tegistas neoliberais argumentam que somente um<br />
Estado mínimo pode propiciar uma adminis tra -<br />
Debates Contemporâneos<br />
ção racional que incorpore os diversos segmentos<br />
sociais aos bens socialmente produzidos, por meio<br />
da integração ao mercado, e não mais pela ótica<br />
patrimonialista e extremamente onerosa do Estado<br />
(como no caso dos Estados de Bem-Es tar), que,<br />
para eles, é ineficaz e produz efeitos contrários aos<br />
desejados, criando desigualdades onde suposta -<br />
men te pretendia-se obter uma maior eqüidade.<br />
Assim, o processo de transformação das polí -<br />
ticas de gestão macroeconômica e social sustentase<br />
em três pilares fundamentais: uma reversão<br />
ace lerada das nacionalizações no pós-guerra; a<br />
crescente tendência à desregulamentação estatal<br />
das atividades econômicas e sociais; e a tendência<br />
a transformar os regimes universais de proteção<br />
social em uma particularização de benefícios so -<br />
ciais (FERNANDES, 1995). As diferentes com -<br />
bi nações destes três indicadores (desestatização,<br />
desregulamentação e particularização) permitem<br />
dimensionar o grau de agressividade das propos -<br />
tas neoliberais em cada situação concreta. Não há<br />
equívocos: trata-se, tout court, de desmontar a res -<br />
pon sabilidade do Estado em relação às grandes<br />
problemáticas sociais. A conseqüência, mais vi sível<br />
e imediata, foi – e ainda é – a exacerbação cres cente<br />
da “questão social” 5 e suas expressões: miséria, de -<br />
semprego, violência, encarceramentos etc.<br />
E aqui não são permitidas tergiversações: no<br />
mo mento em que há um reordenamento no pa -<br />
drão de acumulação do capitalismo em nível<br />
mun dial, faz-se mister adequar o Brasil à nova or -<br />
dem, desde que mantendo e garantindo a sua his -<br />
tórica inserção dependente e subalterna.<br />
Desnecessárias maiores delongas acerca de<br />
co mo toda a conjuntura contemporânea conduz à<br />
hegemonia do neoliberalismo – tanto em nível<br />
ideológico quanto prático. É notório também que<br />
a ofensiva neoliberal exige a reconfiguração do<br />
Es ta do. A conjugação dos elementos necessários<br />
a essa reconfiguração implica uma nova socia -<br />
bilidade, que se inicia com o redimensionamento<br />
das classes trabalhadoras e envolve um dos princi -<br />
pais elementos necessários à emancipação hu ma -<br />
na: a educação.<br />
O redesenho do sistema educacional – em<br />
par ticular das universidades, mas não só – pode<br />
Universidade e sociedade DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 167