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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:26 Página 150<br />

Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />

para o doutorado;<br />

- o número de doutores formados no último<br />

ano foi de mais de oito mil;<br />

- o número de mestres foi de mais de 31 mil;<br />

- é creditada à pós-graduação a marca de o Bra -<br />

sil ter chegado a quase 2% da produção mun dial de<br />

conhecimento (artigos publicados, paten tes etc.).<br />

Diferentemente do que vem ocorrendo com<br />

o ensino superior, destinatário de críticas de to -<br />

dos os calibres e vindas de todas as direções, a<br />

pós-graduação, mesmo gerando polêmicas, é<br />

constantemente citada como modelo de sucesso.<br />

Os dados apresentados acima evidenciam o por -<br />

quê dessa posição, predominante, dos órgãos de<br />

avaliação e de fomento. “As loas – confirmam Ku -<br />

en zer e Moraes (2005, p. 1342) – vêm de todos os<br />

lados e, de fato, em seus mais de quarenta anos, a<br />

pós-graduação brasileira expandiu-se e afirmouse,<br />

alcançando altos padrões de quali dade e, em<br />

várias áreas, credibilidade inter nacio nal”.<br />

Porém, se, da parte dos órgãos que avaliam e<br />

financiam a pós-graduação e do governo em ge -<br />

ral, a situação da pós-graduação é assim con ce -<br />

bida e exibida, da parte daqueles que a cons troem<br />

no dia-a-dia de trabalho nos programas – o cor -<br />

po docente e os pós-graduandos – a posição di -<br />

ver ge e é contrária até a esta direção, que só, ou<br />

predominantemente, vê aspectos positivos.<br />

6. De onde estamos, para onde vamos?<br />

A publicização dos resulta dos da avaliação<br />

do biênio 1996-97 provo cou uma es pécie de terremoto,<br />

particular mente na área da<br />

educação. Muitos cursos foram<br />

descreden cia dos e outros ti veram<br />

suas notas/con cei tos rebai xa dos. A<br />

avaliação foi uma espécie de libelo,<br />

esgarçando e exi bindo fra gi lidades,<br />

em especial no tocante ao fa to de a<br />

“área não pu blicar”. Foram ficando<br />

evidentes as repercussões no que diz<br />

respeito à mu dança de pa ra digma<br />

que vinha sendo operado: pas sa-se a<br />

uma ên fa se na formação de pesquisadores;<br />

exa cerba-se a face controladora<br />

e regu ladora do modelo de avalia -<br />

150 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />

No entanto, se em termos<br />

de conseguir flexibilizar o<br />

sistema, pouco se avançou<br />

– muito pelo contrário o<br />

que tem se percebido é o<br />

aprimoramento das<br />

estratégias de controle e<br />

regulação – em termos de<br />

análise e de compreensão<br />

do processo, muito se<br />

conquistou.<br />

ção; ra di caliza-se o privilegia mento dos as pec tos<br />

mensuráveis, quantificáveis; diminuem-se os re -<br />

cur sos para financiamento em proporção à ex -<br />

pansão da pós-graduação etc..<br />

A reação da comunidade científica foi forte,<br />

com manifestações em reuniões e por meio de<br />

do cumentos 25 , que, em síntese, propunham a<br />

“ava liação da avaliação” e a necessidade de que,<br />

no processo de avaliação, se levem em conta as<br />

es pecificidades das áreas e a heterogeneidade e<br />

di versidade regional do país. Os conflitos che ga -<br />

ram a tal dimensão que a comissão de avaliação<br />

acabou por se dissolver.<br />

Frente ao ocorrido, poderíamos dizer que as<br />

análises de Kuhn (1978) a respeito das crises nos<br />

momentos ou fases de ruptura paradigmática e<br />

suas repercussões concretizaram-se, especial -<br />

men te na área da educação. Mas, à medida que o<br />

tempo foi passando, e a CAPES, com o suporte<br />

do CTC, foi não somente mantendo, mas re for -<br />

çando a face reguladora e controladora do sis -<br />

tema, sem fazer concessões, parece que gra da -<br />

tivamente foi-se entrando em uma fase de “con -<br />

senso” ou, na perspectiva kuhniana, de “ciência<br />

normal”. Embora possa parecer um pouco forte,<br />

afirmamos que os responsáveis pela pós-gradua -<br />

ção, no afã diário de pesquisar, publicar, partici -<br />

par de eventos, dar aulas, orientar, encaminhar<br />

pro jetos de pesquisa, buscar financiamentos, fa -<br />

zer relatórios, atualizar o Lattes etc., encontramse<br />

meio anestesiados, tendo entrado em uma rotina<br />

que, kafkianamente, se repete a cada ano 26 , num<br />

processo no qual o salto de qualidade<br />

não acontece.<br />

No entanto, se em termos de<br />

conseguir flexibilizar o sistema,<br />

pou co se avançou – muito pelo con -<br />

trário o que tem se percebido é o<br />

apri moramento das estratégias de<br />

controle e regulação – em termos de<br />

análise e de compreensão do pro -<br />

cesso, muito se conquistou. E é nes -<br />

ta perspectiva que, nas próximas pá -<br />

ginas, buscaremos evidenciar al guns<br />

desses aspectos, hoje já com pre en -<br />

didos como processo e não mais co -

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