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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:17 Página 46<br />

Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />

A proposta de Almeida Filho pretende ser<br />

mais realista que as apontadas pelos órgãos in -<br />

ternacionais. Citamos, para demonstrar o que se<br />

afirma, texto do referido professor:<br />

A Universidade Nova traz enorme potencial de<br />

ampliação de vagas, [...] pois poderá sem pro ble -<br />

mas acolher maior proporção alu no/docente. [...]<br />

Os alunos terão chances sociais mais im por tantes<br />

do que eles têm no momento. [...] No lon go pra -<br />

zo, se todos esses mecanismos de inclu são social<br />

funcionarem como esperamos, não va mos pre ci -<br />

sar de reserva de vagas na Universidade No va. [...]<br />

Para a continuidade da formação nos cur sos pro -<br />

fis sio na lizantes, al guns diriam que não seria mais<br />

preciso a salvaguarda de pro gra mas de ações afir -<br />

ma tivas. [...] No li mi te, a pro pos -<br />

ta da Uni ver sida de No va tem co -<br />

mo ob je tivo tor nar a institui ção<br />

uni ver si tária uma má quina de in -<br />

clusão so cial pe la edu ca ção. [...]<br />

Precisamos des cons truir práticas<br />

pedagó gi cas re dutoras, passivas,<br />

de baixo im pac to e ine ficientes,<br />

ain da vi gen tes na edu cação su pe -<br />

rior, re cons tru in do-as como ins -<br />

tru men tos de mo bi li za ção e par -<br />

ti cipação dos su jei tos no seu pró -<br />

prio pro cesso de for mação pro -<br />

fis sional, polí ti co, cul tu ral e aca -<br />

dê mico (ALMEIDA FILHO,<br />

2007b, p. 17-20).<br />

O atual Reitor da UFBA afir ma que en -<br />

controu em Anísio Teixeira a ins piração teórica<br />

para a sua proposta. No entanto, há vínculos<br />

mais estreitos com in teresses do Ban co Mundial,<br />

que apresenta para as universidades o princípio<br />

funcional das empre sas. E o que é a universidade<br />

funcional senão o seu vínculo direto ao modus<br />

operandi de qual quer empresa capitalista? Ora, o<br />

capitalismo, em qualquer das suas fases, traz co -<br />

mo princípio in de lével o lucro que, cada vez<br />

mais, se concentra nas mãos de poucos. Daí a di -<br />

mi nuição dos em pregos, sobre tudo no setor pri -<br />

vado, causada de modo quase instantâneo pe las<br />

vantagens das apli cações no capital espe cu lativo.<br />

46 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />

Não se ouve mais que<br />

o amanhã será melhor,<br />

ou que as coisas vão<br />

melhorar, afir ma ções<br />

próprias daqueles que<br />

trabalham e acre di tam no<br />

trabalho. Atualmente, ao<br />

contrário, vive-se sob<br />

o império do medo,<br />

da incerteza, da<br />

inse gurança em relação<br />

às condições de vida.<br />

Se, de um lado, essa tendência gera concen -<br />

tração de riqueza sem nenhuma produção, de ou -<br />

tro, aqueles, que se aventuram a produzir, o fa -<br />

zem com o mínimo de investimento em mão-deobra.<br />

As tecnologias são reinventadas a todo ins -<br />

tante, deixando à margem todo aquele que não<br />

consegue traduzir, com rapidez, o investimento<br />

em capital finan ceiro. Em outras palavras, tratase<br />

de uma luta sem tréguas por maior eficiência<br />

na exploração, qualificada por Marx como maisvalia<br />

relativa.<br />

Assim constituída, a socieda de não oferece<br />

esperança para os jovens, nem segurança para as<br />

famílias. Não se ouve mais que o amanhã será<br />

melhor, ou que as coisas vão me lhorar, afir ma -<br />

ções próprias da queles que tra ba -<br />

lham e acre di tam no trabalho. Atu -<br />

al mente, ao con trário, vive-se sob<br />

o império do me do, da in cer teza,<br />

da inse gu rança em rela ção às con -<br />

di ções de vida, pois os meios de vi -<br />

da são di minuídos e, como nun ca,<br />

ex pro priados.<br />

Remeter para as universidades<br />

a responsa bi lidade de melhorar as<br />

condições do indivíduo para ob -<br />

ten ção de emprego representa dois<br />

equí vocos básicos. O pri mei ro diz<br />

respeito ao enten dimento de que<br />

essa instituição – criada na Eu ropa<br />

Me dieval, na passagem do século<br />

XII para o XIII, e que, desde o seu início, no<br />

Brasil foi reduzida a uma reunião de escolas de<br />

formação profissional – teria como finali da de,<br />

primeira e praticamente a única, formar para o<br />

mer cado de trabalho. O segundo, decorrente do<br />

primeiro, é acreditar que a universidade para to -<br />

dos poderá promover o que chamam de in clu são<br />

social e, portanto, mais emprego e salários mais<br />

altos. Desejar que a uni versidade seja mais efi -<br />

ciente, formando, por exemplo, jovens mais crí -<br />

ticos capazes de atender às novas demandas, não<br />

representa mudança de natureza, mas de pro cura<br />

pela eficácia na utili zação dos parcos re cursos<br />

existentes. Propostas nessa linha têm sido absor -<br />

vidas, sobretudo pelos órgãos oficiais, que as<br />

Universidade e sociedade

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