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Editorial - Andes-SN

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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:28 Página 194<br />

Debates Contemporâneos<br />

lisando o conceito de ideologia na so -<br />

ciedade contemporânea, obser va que:<br />

Diferentemente das formas ante -<br />

rio res da ideolo gia, cujo caráter<br />

ideológico consistia em sua pre ten -<br />

sa, mas ilusória, independência da<br />

realidade so cial, essa nova ideolo -<br />

gia da indústria cultural re si de na<br />

pró pria ausência dessa indepen -<br />

dên cia. Os pro dutos da indústria<br />

cul tural são criados com a fi nali da -<br />

de de ajustarem-se e de refletirem a<br />

reali dade social, que é reproduzida<br />

sem a necessi dade de uma justifi ca -<br />

ção ou defesa explícita e qua se in -<br />

de pendente, pois o próprio pro ces -<br />

so de con su mir os produtos da in -<br />

dús tria cultural induz as pessoas a<br />

identificarem-se com as normas so -<br />

ci ais existen tes e a continuarem a ser<br />

o que são (Ibidem, p.133-134).<br />

Thompson critica os autores que vêem a ideo -<br />

logia do consumo como algo uniforme, sem levar<br />

em conta a existência dos receptores. Por isso, tais<br />

formulações incorreriam no erro de ver os indiví -<br />

duos apenas como meros consumidores poten ci -<br />

ais, manipulados, em virtude de suas necessi da des<br />

e desejos, por meio de recursos estratégicos ade -<br />

quados. Entretanto, na perspectiva de Thom pson,<br />

tal argumento não é totalmente correto e mui to<br />

me nos, satisfatório. Criticando Adorno e Hork -<br />

hei mer (1986) no que tange a recepção e ao con -<br />

su mo, Thompson observa que seria um equívoco<br />

pen sar que todos os indivíduos, por consumirem,<br />

seriam induzidos a aderirem à ordem social, iden -<br />

ti ficando-se com as imagens e aceitando suas men -<br />

sa gens. A crítica deste autor aponta para as pectos<br />

não considerados em leituras anteriores, pois, os<br />

indivíduos, ao escolherem os produtos que vão ad -<br />

quirir, levam em conta também o cri tério da sa tis -<br />

fação de seus desejos e gostos pes so ais. No en tan -<br />

to, isso não deve obscurecer o fato de que a co mu -<br />

nicação de massa favorece a criação de padro niza -<br />

ções que visam direcionar o gosto dos indiví duos,<br />

bem como influir sobre compor ta mentos e ati tu -<br />

194 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />

Sendo a ideologia do<br />

consumo prática social de<br />

um discurso retó rico, ela<br />

pretende estabelecer uma<br />

postura, se gun do a qual, os<br />

indivíduos e a sociedade<br />

sejam inte grados e<br />

inseridos no universo<br />

reificado das mer cadorias.<br />

Para que tal discurso<br />

ideológico te nha alcance<br />

abrangente, é preciso<br />

utilizar-se de gran des<br />

veículos de comunicação de<br />

massa, que, des ta forma,<br />

legitimam, difundem e<br />

aperfeiçoam, cada vez<br />

mais, a lógica do consumo<br />

na sociedade.<br />

des condizentes com uma ideo logia<br />

consu mista difundida na sociedade<br />

contem po rânea.<br />

Enfim, torna-se relevante o fato<br />

de que esta ideologia pretende in -<br />

cutir nos indivíduos padrões ligados<br />

à lógica do consumo. E sendo a<br />

ideo logia do consumo prática social<br />

de um discurso retó rico, ela pre ten -<br />

de estabelecer uma postura, se gun do<br />

a qual, os indivíduos e a sociedade<br />

se jam inte grados e inseridos no uni -<br />

ver so reificado das mer cadorias. Pa -<br />

ra que tal discurso ideológico te nha<br />

alcance abrangente, é preciso utili -<br />

zar-se de gran des veículos de comu -<br />

nicação de massa, que, des ta forma,<br />

legitimam, difundem e aperfeiçoam,<br />

cada vez mais, a lógica do consumo<br />

na sociedade.<br />

O Papel da Indústria Cultural e da<br />

Comunicação de Massa na Difusão do Consumo.<br />

Neste tópico pretendemos abordar os ele -<br />

men tos constitutivos da Indústria Cultural e da<br />

Comunicação de Massa, ressaltando suas carac te -<br />

rísticas e apresentando argumentos teóricos, que<br />

tem por objetivo entender a importância destas<br />

pa ra a difusão e expansão do consumo na socieda -<br />

de contemporânea.<br />

Em vista disso, os primeiros estudos feitos a<br />

respeito da Indústria Cultural e seus efeitos foram<br />

produzidos por dois expoentes da, assim denomi -<br />

nada, Escola de Frankfurt. É nas figuras de T.<br />

Ador no (1903-1964) e M. Horkheimer (1895-<br />

1973) que se estabeleceu uma reflexão crítica rele -<br />

vante sobre os mecanismos de domi na ção, repro -<br />

dução e padronização dentro do mun do capita lis -<br />

ta. Neste sentido, estes autores enten deram e pen -<br />

saram a indústria cultural como sen do uma ideo -<br />

logia que se destina a legitimar uma gama de pro -<br />

dutos padronizados. Adorno e Hor kheimer (1986)<br />

observaram, na padronização, o ca ráter racionali -<br />

zante da técnica, cuja dominação refle ti ria uma<br />

sociedade alienada de si mesma. As sim, as mani -<br />

fes tações culturais mediadas pela indústria cul -

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