Editorial - Andes-SN
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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:23 Página 107<br />
Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />
cei to de centrali da de do trabalho nas<br />
aná lises sociais, para a negação do<br />
conceito de clas se social como pos si -<br />
bilidade de explica ção das con tra di -<br />
ções, no mundo atual, e para a busca<br />
do con senso na dife ren ça, com a nova<br />
morte do sujeito.<br />
David Harvey (1992) discute a<br />
crise do Es ta do de Bem-Estar, ana -<br />
lisando o Estado mínimo como uma<br />
das características da pós-moder ni -<br />
dade. Para ele, as mudanças atuais,<br />
que confi gurariam um período pósmoderno,<br />
seriam de correntes da cri -<br />
se de acumulação do capitalismo mo -<br />
derno, com a correspondente cri se<br />
de regula mentação do Estado de<br />
Bem-Estar, ad vinda da crise do for dismo, do<br />
key nesianismo e do sin dicalismo integrado de re -<br />
sultados, fa tores que, em tempos de prosperidade<br />
na acu mulação ca pitalista, propiciaram a pro -<br />
du ção em massa. Na pós-modernidade, a produção<br />
torna-se flexí vel e o mundo do trabalho sofre<br />
trans for mações, com os sindicatos aceitando a<br />
des regula men ta ção, visando à manutenção do<br />
emprego. Ou tras características seriam o triunfo<br />
da es tética sobre a política, a ênfase nas análises<br />
culturais, o plura lismo, o fragmento e uma na tu -<br />
ra lização da noção de mercado, comuni cação e<br />
de mocracia plura lis ta como insepa ráveis, da acei -<br />
tação do efêmero, da estética no lugar da ética, do<br />
des con tínuo, do caó tico, e um novo ciclo de<br />
com pressão tem po/espaço com vistas a encurtar<br />
o tempo de re produção do capital.<br />
Por outro lado, Harvey avalia que a pós-mo -<br />
dernidade exerce influência positiva nas análises<br />
atuais, quando se preocupa com as dife renças e as<br />
culturas, concluindo que as meta-nar rativas da<br />
modernidade apagavam ou menos pre zavam estas<br />
questões. Porém, para ele, “há mais continuidade<br />
do que diferença entre a ampla his tória do mo -<br />
der nismo e o movimento deno mi na do pós-mo -<br />
der nismo” (Harvey, 1992, p.111).<br />
Discutindo acerca das críticas dos pós-mo -<br />
der nos ao marxismo, como uma teoria estru tu ra -<br />
lista, Harvey afirma que: “Marx e muitos mar xistas<br />
Na pós-modernidade,<br />
a produção torna-se flexível<br />
e o mundo do trabalho sofre<br />
transfor mações, com os<br />
sindicatos aceitando a desregulamentação,<br />
visando à<br />
manutenção do emprego.<br />
Outras características seriam<br />
o triunfo da es tética sobre<br />
a política, a ênfase nas<br />
análises culturais, o<br />
pluralismo, o fragmento<br />
e uma naturalização da<br />
noção de mercado.<br />
(penso em Benja min, Thom pson, An -<br />
der son, entre ou tros) tinham olho pa -<br />
ra o de talhe, para a frag men tação e<br />
para a disjun ção. Olho que com fre -<br />
qüência é subs ti tuído por uma carica -<br />
tura nas po lê mi cas pós-mo dernas”<br />
(ibidem, p.111).<br />
Dando seqüência a suas refle -<br />
xões acerca da pós-modernidade,<br />
Har vey diz que esta, ao buscar des -<br />
construir e deslegitimar todo dis -<br />
cur so, acaba por perder toda a ba se<br />
racional. Em suas palavras:<br />
o pós-modernismo quer que aceitemos as<br />
reificações e partições [...] todos os feti -<br />
chis mos de locali dade, de lugar e de gru -<br />
po social, enquanto nega o tipo de me ga -<br />
teoria ca paz de apreender os pro cessos po líticoeconô<br />
mico (fluxo de dinheiro, di visões interna -<br />
cionais do trabalho, mer cados financeiros etc) que<br />
estão se tornando cada vez mais universalizantes<br />
em sua profundidade, in ten sidade, alcance e po -<br />
der sobre a vida coti dia na (Ibidem, p.112).<br />
Ainda, segundo Harvey (1992), a pós-mo -<br />
der nidade, se reconhece o direito a outros sujei -<br />
tos, como as mulheres, as minorias raciais, os de -<br />
sem pregados, os jovens etc., priva estes mes mos<br />
gru pos do acesso às fontes mais universais de po -<br />
der. Assim, para ele, “a retórica do pós-moder -<br />
nismo é perigosa, já que evita o enfren tamento<br />
das rea lidades da economia política e das circuns -<br />
tâncias do poder global” (p. 112).<br />
Para Fredric Jameson (1994) existiria na pósmodernidade<br />
uma reificação das relações sociais.<br />
Estas seriam transformadas em coisas. O mundo<br />
da produção, da mercadoria e do trabalho estaria<br />
sendo negado, trazendo a conseqüente negação<br />
do conceito de classe social. Existiria uma análise<br />
computadorizada, tecnicista e consumista na<br />
pós-modernidade. Além disto, com a negação de<br />
classe social, surgem as análises centradas apenas<br />
em grupos, em micropoderes e na micropolítica,<br />
nas quais os sujeitos seriam genericamente rotu -<br />
la dos, tendo como conseqüência a morte deste<br />
su jeito. Analisa que a contradição e a desi gual da -<br />
Universidade e sociedade DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008 - 107