Editorial - Andes-SN
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US41:<strong>Andes</strong> 36 12/07/11 17:19 Página 52<br />
Produção do conhecimento versus produtivismo e a precarização do trabalho docente<br />
pe la Portaria nº. 552 SESu/MEC, de 25 de ju -<br />
nho de 2007, apresentou o documento de Dire -<br />
trizes Ge rais do REUNI, versão de agosto de<br />
2007, que define os parâmetros de cálculo das<br />
referidas me tas, bem como dá orientação para a<br />
elaboração dos projetos.<br />
O REUNI é de adesão voluntária de cada<br />
Instituição Federal de Ensino Superior (IFES),<br />
por decisão do respectivo Conselho Univer si tá -<br />
rio. Cada IFES que aderir deve prever, na sua<br />
pro posta, as ações que pretenderá levar a cabo<br />
pa ra o cumprimento das duas metas. Em contra -<br />
partida, pode receber recursos adicionais, condi -<br />
cionados ao cumprimento das metas estabele ci -<br />
das para cada etapa, limitados a 20% do orça -<br />
men to de custeio e pessoal do ano inicial de ade -<br />
são, financiamento esse condicionado à capaci -<br />
dade orçamentária e operacional do MEC.<br />
De início, devemos deixar cla ra a nossa opi -<br />
nião sobre a concep ção que se apresenta no REUNI.<br />
Há muitos anos lutamos pela am pliação da oferta<br />
de vagas nas Universidades Públicas e, portanto,<br />
este não é um ponto de discordância. En -<br />
tretanto, a ampliação da oferta deve ocorrer den -<br />
tro de pa râ metros que permitam a manu ten ção,<br />
ou até a de sejável ampliação, do padrão de qualidade<br />
do ensino superior público e isto, co mo<br />
poderemos concluir neste trabalho, não é pos -<br />
sível dentro dos limites impostos pelo REUNI.<br />
As duas metas, que condicionam todos os<br />
pro jetos apresentados dentro do REUNI são in -<br />
compatíveis com padrões de qualidade de ensino<br />
aceitáveis, aprofundam a precarização do traba -<br />
lho docente e, na concepção, ferem a autonomia<br />
universitária ao impor padrões que são da com -<br />
pe tência acadêmica das Universidades.<br />
Para uma adequada discussão do REUNI e<br />
de suas implicações nas IFES, é importante con -<br />
siderar que o programa foi elaborado no bojo das<br />
discussões sobre a proposta formulada pelo Rei -<br />
tor da Universidade Federal da Bahia, Prof. Nao -<br />
mar de Almeida Filho, denominada “Uni ver si da -<br />
de Nova”, segundo ele, inspirada no plano di re -<br />
tor de implantação da UnB (LIMA ROCHA e<br />
AL MEIDA FILHO, 2006).<br />
52 - DF, ano XVII, nº 41, janeiro de 2008<br />
Algumas considerações sobre a<br />
“Universidade Nova”<br />
A proposta da “Universidade Nova” foi lan ça -<br />
da em meados de 2006, tendo o Prof. Naomar de<br />
Almeida Filho realizado palestras em várias Uni -<br />
ver sidades. Nos dias 1 e 2 de dezembro de 2006, foi<br />
realizado o I Seminário Universidade No va na<br />
UFBA, em Salvador–BA, e de 29 a 31 de março de<br />
2007, o II Seminário Universidade No va, na UnB,<br />
em Brasília–DF. Na sua apresentação, nesse II Se -<br />
minário, o Prof. Naomar de Almeida Filho afir -<br />
ma que,<br />
a idéia de estudos superiores de graduação de<br />
maior am pli tude e não comprometidos com uma<br />
pro fis sio nalização precoce e fechada, bem como<br />
maior in tegração entre esses estudos e os de pósgradua<br />
ção, já é realidade em muitos países social e<br />
eco no micamente desenvolvidos. O processo eu -<br />
ropeu de Bolonha é um exemplo eloqüente dessa<br />
con cep ção acadêmica que, por força das de man -<br />
das da Sociedade do Conhecimento e de um mun -<br />
do do trabalho marcado pela desregula men tação,<br />
flexi bilidade e imprevisibilidade, certamente se<br />
conso lidará como um dos modelos de educação<br />
su pe rior de referência para o futuro próximo”.<br />
[...] A proposta aqui deno mi nada de Universidade<br />
Nova implica uma trans for mação ra dical da atual<br />
arquitetura acadêmica da uni ver sidade pública<br />
bra sileira, visando a su pe rar os de sa fios, resul tan -<br />
do em um modelo com patível tan to com o Mo -<br />
delo Norte-Ameri ca no (de origem flexneriana)<br />
quanto com o Mo delo Uni ficado Eu ropeu (Pro -<br />
cesso de Bolonha). (ALMEI DA FI LHO, 2007) .<br />
Pretende-se atingir esse “ambicioso” obje ti -<br />
vo, fundamentalmente, com uma profunda re -<br />
for mulação curricular, por meio da qual se in -<br />
tro du zirá o denominado Bacharelado Inter dis -<br />
ci pli nar (BI) de três anos, na versão da pro posta<br />
apre sen tada pelo Prof. Naomar de Almei da Fi -<br />
lho, e que, na versão proposta pelo Reitor da<br />
Univer si dade de Brasília, Prof. Timothy Mu -<br />
lholland, com porta ainda um bacharelado de es -<br />
tudos ge rais, nos dois anos iniciais (MU LHOL -<br />
LAND, 2007). A versão defendida pelo Prof.<br />
Ti mothy Mu lhol land, por ocasião daquele II<br />
Universidade e sociedade