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Revista_Black_Rocket_Ed5

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Ela o olhava descrente, as lágrimas querendo lavar o rosto. Aquilo não podia ser verdade.Todos a fitavam com interesse e medo. Prestou mais atenção e notou que havia pássaros com patasno lugar de asas, cães e gatos com asas atrofiadas e até um rato com algo semelhante a nadadeirasem suas extremidades inferiores. Todos, sem exceção, tinham o olhar triste e ferido de quem jásofreu demais. Quanta dor eles não tinham passado... Quanta dor alguns deles ainda não deviamsentir por conta da incompatibilidade de suas partes? Alguns casos pareciam implantes, enquantooutros deveriam ser manipulações genéticas imprevisíveis, que resultaram em aberrações. O somdas trancas fez com que todos pulassem de susto, buscando um lugar seguro para se esconder nassombras. Apenas a menina ficou parada, na direção do feixe de luz que vinha de fora.— Bons dias, belos adormecidos... Vejo que já perceberam quem manda aqui. — Marta se viroupara a porta, deparando-se com um homem alto e gordo, que fazia sombra sobre ela. — Todos menosvocê. Deve ser a Senhorita Cepo... É um imenso prazer conhecê-la pessoalmente. Peço desculpas pelafalta de jeito e pelas péssimas instalações. Devíamos ter encontrado um melhor local para coloca-la,onde não tivesse tão detestáveis vizinhos. Mas não se preocupe, em breve terá uma vida muito diferente.— Do que está falando? — Os olhos furta-cores estavam bem abertos. — Onde estão minhamãe e o doutor?— O que disse? Desculpe... Não consegui ouvir. Você fala muito baixo. Talvez seja por ser assimtão pequena... Mas acho que deve apenas estar feliz com sua nova vida, não? — O homem se agachou,dando a impressão de que a qualquer momento sua calça se rasgaria e os botões do terno voariam paralonge. — Você terá uma nova família. Repleta de felicidades... — Seu sorriso era mais falso que umanota de centavos, e um arrepio percorreu a espinha de todas as quimeras. — Tentamos criar clones seus,mas foi impossível. Por alguma razão que ainda desconheço. Nada funciona... Então tentamos umagravidez artificial, o mesmo método utilizado para criar você. Mas também não deu frutos. É por issoque tive uma brilhante ideia e vim te buscar agora. Seja boazinha e venha comigo.Fosse o que fosse ela sabia que não seria em absoluto uma boa ideia ir com ele. Respirou fundo ecomeçou a correr, se enfiando no meio dos outros, que tentavam não ficar entre ela e o gigante de preto.— Volte aqui, sua pestinha! – ele berrou. Estava vermelho de raiva. Por que tudo tinha de serdifícil? Quando a alcançou enlaçou sua cintura com os dois dedos. Sentiu-se o próprio King Kong.Entre protestos e patadas, levou-a para fora, fechando a porta novamente. Lá dentro os animaisfaziam uma algazarra sem fim. Ele não sabia, mas estavam todos saltitantes por aquela criaturasem graça estar indo embora. Não a queriam ali por que acreditavam que ela não havia sofridocomo eles e não merecia ser parte de sua pequena comunidade, que era indigna de ser chamada damesma forma que eles. A inveja e a discriminação existiam até mesmo entre os animais... Ou seriaassim porque a maioria deles tinha algo de humano em seus genes? Essa seria realmente uma boapesquisa, se importasse para alguém.Passaram por muitos corredores iluminados parcamente por tubulações de cor alaranjada.Não eram lâmpadas normais, mas não adiantaria nada perguntar. Depois de muito caminhar chegarama uma sala cheia de computadores e fios pendurados de maquinas diversas e curiosas. Hans, ohomem gordo, jogou sua pequena carga sobre uma das macas próximas à parede sem cuidadoalgum, fazendo-a gritar de dor. Se não tivesse um organismo tão adaptável talvez tivesse quebradoalguns ossos com tamanha violência.— Cuidado com ela, seu animal! — Aquela voz era conhecida. Delina estava amarrada auma cadeira, do outro lado da sala, e era a voz da justiça a gritar nos ouvidos dos presentes. — Elapode não ser tão frágil quanto aparenta, mas ainda pode se machucar.110TATIANA RUIZ

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