— O.k., mas vou com vocês para onde quer que estejam indo e, se encontrarmos algo valioso,uma parte será meu pagamento. É pegar ou largar.Seberneskaya3 de agosto de 1957Após meia hora de discussão entre Fritz e Nikolai marcada pela troca de acusações muitasvezes sem sentido e ameaças ridículas de ambas as partes, concordaram que não havia outra soluçãopossível senão a proposta pelo russo. Subiram todos no jipe e seguiram para a direção apontadapor Fritz, que segundo o mapa de Nikolai os levaria para uma região onde não havia absolutamentenada a não ser rochas e desolação. O clima entre eles não era dos melhores naquele momento e porum bom tempo ficaram em silêncio enquanto o jipe rasgava o deserto gelado deixando para trásuma nuvem de poeira.Pouco mais de duas horas depois da desconfortável discussão que antecedeu o trecho final daviagem, Fritz apontou para um afloramento de grandes rochas no horizonte, onde o jipe parou comum safanão. Foram envolvidos por uma nuvem de poeira, que esperaram baixar para poder tirar olenço que usavam para proteger o rosto.— Desçam. A partir daqui seguirei sozinho. Em algumas horas estarei de volta com o queprometi para cada um de vocês. — A expressão de Fritz era séria e sua voz firme.Por alguns segundos os três trocaram olhares silenciosos.— Definitivamente você está louco. Tudo bem que já o ajudei a fazer muitas coisas estranhas,a ir para muitos lugares que nem imaginava existirem, mas você não acha mesmo que ficareiaqui esperando no meio do nada por você, não é mesmo?— Tenho de concordar com ele, Fritz — assentiu Alana. — Não acho seguro ficarmos aquidepois da ataque dos rebeldes.— Entendam, vocês não podem seguir comigo. Voltarei em algumas horas com o que prometia ambos. Não tenho porque mentir para vocês ou abandoná-los. Aqui vocês ficarão seguros, nãohá rebeldes nesta região — argumentou Fritz antes de suspirar fundo.— E como você sabe disso? — questionou Nikolai.— Não temos tempo a perder. Se tiver de convencê-los de cada coisa que digo, não faremosmais nada. Não entendo porque desconfiam de mim — respondeu Fritz com impaciência.Então um barulho metálico chamou a atenção do grupo. Ao se virarem, depararam com trêshomens com roupas nativas e lenços sobre o rosto, dois traziam metralhadoras apontadas para eles.— Definitivamente você não vai sozinho para onde quer que seja, senhor Fritz — disse umdos estranhos, tirando o lenço do rosto e revelando ser o agente federal que interrogara Alana.— Quem é você? O que está fazendo aqui? — perguntou Fritz surpreso.— Podem me chamar de Phillips. Estou aqui para ir ao mesmo lugar que está indo,senhor Fritz.— Ver a paisagem? — perguntou Nikolai em tom de brincadeira.— Nada disso, o senhor Fritz nos levará para conhecer um lugar muito especial, do qualapenas conhece a entrada, não é mesmo?40CHARLES DIAS
— Não sei do que você está falando! Estamos aqui em uma missão de exploração — tentoudisfarçar Fritz.Então Phillips tirou algo do bolso e jogou para Fritz, que pegou no ar. Ao ver o que era, suaexpressão mudou imediatamente, num misto de surpresa e medo.— Vamos, esperei muito por isso e, acreditem, não sou nada paciente. — O tom ameaçadorde Phillips pareceu ser o suficiente para fazer Fritz mudar de ideia.Dirigiram por mais algumas dezenas de quilômetros, seguidos pelas motos com sidecar dosalgozes, até chegarem a uma grande laje de pedra, quando Fritz fiz um sinal de que deveriam parar.— Deixe-os fora disso, nada têm a ver conosco.— Creio que não há espaço para concessões, senhor Fritz.O sol caminhava rápido em direção ao horizonte. O grupo caminhou por algumas dezenas demetros e então Fritz fez um sinal para que parassem. Abaixou-se, tocou o chão, fechou os olhos eaguardou. Alana assustou-se quando o chão começou a se mover e a afundar, como uma plataformade elevador.— Como conseguiu nos seguir sem que suspeitássemos? — perguntou Nikolai para Phillips.— Acredite, disponho de meios que o senhor nem imagina que poderiam existir. Agoracale a boca.Desceram por um longo e escuro poço. Então a plataforma parou com um solavanco e umaluz vermelha fantasmagórica revelou um túnel.Caminharam em silêncio. Phillips seguia na frente com Fritz, Alana seguia com um doshomens armados e Nikolai vinha logo atrás, seguido pelo outro homem. No caminho não havianada que identificasse onde estavam.Após uma curva acentuada, o túnel desembocou em um grande salão em forma de cúpula,escavado na rocha. No lugar havia apenas uma grande placa quadrada de um tipo de metal cinzaescuro e fosco em pé no centro do cômodo. Era uma peça de superfície perfeitamente lisa e aparênciaindustrial, inexpressiva, tão estranha quanto aquele lugar.— O que está acontecendo, Fritz? Que lugar é este? Quem são estas pessoas? O que é essacoisa? — perguntou Alana, desconfiada de que algo muito mais estranho do que ela imaginavaestava acontecendo..— Deixe-os ir, ainda não é tarde — suplicou Fritz.— Nem você ou eu deveríamos estar aqui, senhor Fritz. Deu muito trabalho encontrá-lo epode ter certeza de que não irei embora sem levar o que vim buscar. Não teste minha paciência.Abra logo o portal.— Não faça o que ele está mandando, Fritz, seja o que for — gritou Nikolai. Um dos homenso golpeou violentamente com a coronha da arma, fazendo-o cair de joelhos e gemer.Contrariado, Fritz se aproximou do portal, pousou a mão sobre a superfície lisa, cerrou osolhos novamente, então deu alguns passos para trás. Por algum tempo nada aconteceu, depoishouve um ligeiro tremor que desprendeu alguns pedriscos do teto e a superfície escura da placacomeçou a borbulhar como um líquido grosso que entrava em ebulição. Então com um som agudoaquilo explodiu em um cogumelo que quase alcançou a parede e retornou ao lugar num piscar deALANA BLACK E OS DIAMANTES NEGROS41
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“Gentileza gera gente folgada”V
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Entrevista comMARCELOJACINTORIBEIRO
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