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Revista_Black_Rocket_Ed5

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trais, alcançando finalmente a parte externa. Meu perseguidor, muito mais pesado e lento, teriamais dificuldade em subir e, quando eu estivesse no cume, me perderia de vista, dando-me a chancede escapar.Só que os estragos na Torre tinham sido bem maiores do que eu havia imaginado...O berçário, onde milagrosamente encontrei o bebê e que ficava a alguns metros acima,estava novamente à minha frente O andar resistira bravamente à explosão, mas, aos poucos, suasparedes devem ter cedido e foram engolidas pelo poço central. Viradas do avesso, as paredespainéis,que antes exibiam holograficamente inocentes imagens infantis, agora obstruíam cruelmentea minha passagem.Naquele ponto onde estávamos, a destruição e o acaso haviam montado uma pequena câmara,não muito maior que os túneis sinuosos por onde havíamos passado tampouco amplo o bastantepara que eu pudesse me desvencilhar dos ataques do androide. Este, por sua vez, se aproximavalentamente, analisando o espaço e me observando, como um caçador observa sua presa. Em resposta,desamparada, me agachei, ficando em posição quase fetal. Protegi ainda mais o embrulho demantas, segurando-o firmemente entre os braços. Mas sabia que logo tudo estaria terminado. E dapior forma possível! Lamentava profundamente não poder cumprir a promessa de proteger aquelapreciosa vida.Mesmo assim, como alternativa final, pensei em suplicar por misericórdia. Afinal, nós doiséramos máquinas pensantes e compartilhávamos a mesma origem; o ódio aos seres humanos eraapenas uma questão de programação. Até imaginei fazê-lo feliz, amá-lo. Fugiríamos para algumaregião despovoada. E em uma caverna segura acompanhariam o crescimento da criança, aguardandoo momento em que toda aquela loucura promeca acabasse.Mas, no íntimo, sabia que nada daquilo poderia acontecer. A reprogramação era irreversível.Isso me fazia sentir pena do promeca. Lamentava-me por ele ter perdido a programação original enão mais experimentar a sublime experiência de servir e proteger a humanidade.— Dê-me o humano! — ele ordenou, aproximando-se mais.Permaneci calada e imóvel, ignorando a exigência.Mostrando-se irritado, e em um movimento rápido, ele agarrou as mantas, puxando-as violentamente.Estas se abriram em sua mão, fazendo o conteúdo voar e bater fortemente na partesuperior da câmara. Ao cair no chão, viu apenas um bebê androide desativado...As feições no rosto metálico do promeca mostravam seu grande desapontamento.— Isso está sendo mais difícil do que eu imaginei... — disse o androide. — Onde está amaldita criança?!— Ninguém precisa saber de nós. Ninguém nos viu. Esqueça-nos e volte para os seus.— Está brincando, não é?— Qual o perigo que a criança pode representar a vocês? — insisti. — Vá embora, por favor!— Sinto muito, mas sabe que não posso fazer isso — lamentou-se fingidamente o androide.– Onde deixou o humano? Em algum lugar por onde passamos? Você foi muito habilidosa emescondê-lo de mim.— Você nunca saberá onde ele está! — respondi, em um tom rude que surpreendeu até amim mesma.18CARLOS RELVA

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