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Revista_Black_Rocket_Ed5

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Para Lúcifer K, ou qualquer outro solariano com espírito empreendedor, uma das melhorescoisas sobre a Estação Shah-day era a falta de estrutura administrativa. Cem anos antes, a estaçãoespacial era um enorme entreposto alfandegário entre o Império Kiraly-Hatolon e a teocracia deIbadan, por onde trafegavam centenas de cargueiros espaciais simultaneamente. Mas com osurgimento da Confederação Solariana a rota comercial foi perdendo importância até quase a estagnação.Seções foram abandonadas e o pessoal administrativo, reduzido. Então surgiu DEUS.Em instantes, a velha estação pareceu se tornar o centro do universo. Naves comerciais eparticulares chegavam a todo momento. Peregrinos, curiosos, cientistas, todos queriam ver DEUS.E como a ampliação do quadro administrativo dependia do difícil consenso entre hatolonianos eibadânios, terceiros começaram a ocupar os nichos vagos. Lúcifer K era um desses terceiros, tinhaa indispensável tarefa de suprir os novos comerciantes locais com lembranças, brindes e outrasbugigangas. Com certeza não ficaria rico, porém como não pagava impostos a margem de lucroera bem satisfatória.Naquele momento, com os bolsos do macacão cheios de dinheiro, Lúcifer K se dirigia paraos níveis externos. Descia por rampas e andava por corredores desertos e malconservados, comprovandoum de seus próprios corolários: o nível de ilegalidade é inversamente proporcional àpresença do estado. Por fim chegou ao destino. A porta de aço não possuía qualquer sinalização.Ansioso, passou a mão pelo cabelo comprido enquanto era escaneado e identificado, masnão bastou. Uma pequena viseira foi aberta e olhos amarelos o encararam por um breveinstante. Somente então a porta deslizou para o lado.Salariel zen Hatary pegou o panfleto do chão com a ponta dos dedos longos e oergueu até a altura dos grandes olhos turquesa. Com expressão de desagrado, notou a ilustraçãogrosseira de um humanoide envolto em luz e os dizeres: “Olhar para DEUS podecegar!” O restante do texto trazia dados pseudocientíficos e misticismos para justificar acompra de óculos com lentes polarizadas. Deixou o folheto cair dentro da lixeira que reciclariaa policelulose.Todo esse comércio e as crenças por causa de um reles fenômeno fotomagnético lhecausavam nojo. Como administradora da Estação Shah-day, sentia vontadede expulsar todos aqueles irritantes intrometidos. Se ao menos tivesse pessoalsuficiente. Sua equipe mal conseguia manter as funções básicas daestação e era obrigada a relegar parte das tarefas ao pessoal de Ibadan, oque lhe causava mais apreensão que alívio. E se não bastassem essesproblemas, um cruzador imperial acabara de atracar. Agora tambémteria que bancar a cicerone de aristocratas entediados.Aproveitou o vidro espelhado para ajeitar a gargantilha,deixando as divisas bem visíveis. O vestido justo ao corpoesguio tinha a cor negra dos uniformes espaciais que combinavacom a pele de tom azul aveludado, típica doshatolonianos. Cabelos lisos e negros caiam suavementepelas costas numa trança.www.revistablackrocket.net -7

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