olhos. Alana olhava mistificada para a superfície ondulante que ganhou uma improvável aparêncialíquida.— Isso deve ter parecido mágica para seus olhos acostumados com um mundo tão rudimentar,não é mesmo, senhorita? — comentou Phillips, divertindo-se com a expressão de espantode Alana.Antes que pudesse responder, Alana sentiu o empurrão violento que a arremessou contraaquela superfície estranha sem chance de reação.A sensação foi a de mergulhar em uma violenta corredeira de água gelada e ser jogada de umlado para outro sem controle enquanto luzes coloridas pipocavam distantes ao seu redor. Ela rodopiavae dava cambalhotas loucamente, gelada até os ossos. Do nada, sentiu uma pancada dolorosae viu-se rolando pelo chão de pedra.Local indeterminadoData indeterminadaEnquanto a confusa Alana lutava contra a vertigem e tentava se colocar de pé, uma rajada detiros arrancou lascas de pedra e poeira a poucos metros de onde estava. Imediatamente se jogou aochão em busca de alguma proteção. Então algo emergiu do portão e caiu não muito longe, o corpoimóvel de um dos homens de Phillips. Logo em seguida surgiu Nikolai, que sem equilíbrio caiuagarrado a uma das metralhadoras. O próximo que emergiu foi o agente Phillips, que com agilidadeincomum correu em direção a outro túnel que ela nem havia notado. Fritz emergiu em seguida,cambaleando e atirando contra ele com outra metralhadora, mas não conseguiu acertá-lo e caiuenquanto uma grande mancha vermelha se formava na camisa branca. Imediatamente a placa demetal voltou a ficar sólida. Nenhum sinal do outro homem de Phillips.— Cuide de Fritz, vou atrás daquele desgraçado — gritou Nikolai ao se levantar.Alana abriu a camisa de Fritz com um puxão, arrebentando os botões. Imediatamente viu osangue brotar copiosamente de um buraco escuro no ombro do homem. Com esforço virou-o delado, ao que ele respondeu com um gemido abafado, e pôde ver o buraco de saída da bala. Piorse o projétil ainda estivesse em seu corpo. Rasgou a manga da camisa do velho amigo e desenroloudo pescoço a longa echarpe para fazer um curativo que estancasse o sangramento. Na mãoaberta de Fritz, viu o que Phillips lhe havia atirado, um pequeno quadrado de metal com símbolosestranhos.— Jurava que conseguiríamos dar conta dos três. Estou ficando velho demais para isso —resmungou entredentes por causa da dor.— Fique quieto e deixe-me fazer esse curativo. Não sei o que está acontecendo ou ondeestamos, mas sei que não é hora de lamentarmos nada.— Ajude-me a levantar. Não podemos perder tempo.— Nikolai foi atrás de Phillips, não se preocupe.— Você não entende, Nikolai não será páreo para aquele caçador de recompensas.— Você está delirando, ele é um agente federal.— Não discuta comigo, Alana, a situação é muito mais urgente que você pode imaginar. Nãotemos tempo!42CHARLES DIAS
Os dois andavam pelo longo corredor o mais rápido que a condição de Fritz permitia, enquantoo homem gemia por conta do ferimento. Finalmente chegaram a outro salão em forma decúpula, mas sem saída. Fritz aproximou-se da parede, encostou a mão sobre ela e fez surgir umburaco que aumentou rapidamente de tamanho até revelar a entrada de outro túnel iluminado pelamesma fantasmagórica luz avermelhada.— Fritz, que lugar é esse? Me explique o que está acontecendo.— Não temos tempo agora, venha.— Não, você me conta que lugar é este e sobre todos esses truques que você vem fazendo ounão darei mais um passo — respondeu Alana decidida.O homem então a olhou com o ar cansado de quem tinha sido obrigado a se lembrar dealgo que já esquecera, como sentir dor. Então fez um sinal com a cabeça, suplicando para quecontinuassem.— Responderei a todas as suas perguntas, prometo, mas primeiro temos de chegar ao próximosalão, rápido. Confie em mim apenas mais uma vez, por favor.O próximo salão era idêntico ao anterior, mas tinha no centro um monólito baixo de materialsemelhante ao do portal. Respirando pesadamente Fritz se aproximou do console e pousou a mãona superfície lisa, que brilhou tenuamente. Então o que aconteceu deixou Alana ainda mais espantadae confusa. A cúpula tremeluziu e começou a dissolver, revelando um espaço muito maior emais escuro, um grande armazém de teto alto, onde dezenas de longas prateleiras perdiam-se devista, iluminadas por colunas regulares de luz que pareciam surgir do nada.— Meu Deus! Que lugar é este? — murmurou Alana admirada.Fritz puxou-a pela mão direção a um vagão que surgiu das sombras. As portas se fecharamassim que entraram e o vagão pôs-se em movimento, tomando caminho por entre duas das prateleirasem alta velocidade.— Meu verdadeiro nome é Fritz Amps Pah, e sou guardião de cinco milhões de refugiados dainvasão de nosso sistema planetário natal. Não estamos mais no planeta Terra, mas em uma dasluas de Júpiter. Aquele homem que nos atacou não é humano, assim como eu, mas um caçador derecompensas enviado pela mesma raça que transformou a minha … nisto — explicou Fritz, fazendoum gesto desanimado.Alana não sabia o que dizer. Se Fritz tivesse dito tudo aquilo antes, tomaria aquela históriapor uma grande piada, mas o que havia testemunhado estava longe de ser engraçado ou normal.— E por que há um caçador de recompensas atrás de vocês?— O universo não é menos cruel que a Terra. Acredite, avanço tecnológico não é sinônimode fraternidade universal. Há raças avançadas que escravizam outras raças. Infelizmente, não fomosfortes o suficiente para nos proteger. Aqueles que nos conquistaram não gostaram nem umpouco de saber que há refugiados de nossa raça. Não querem que floresçamos em outro lugar paraevitar uma possível vingança. Então nos perseguem por toda galáxia.— Mas se há outras raças no universo, porque a Terra …— Vocês estão sob proteção de uma das raças mais poderosas da galáxia e seu sistema solarestá em seu território. Por isso poucos se aventuram a vir para cá, é muito perigoso. Pensamos queestaríamos seguros aqui até encontrarmos um lugar definitivo para nos reerguer. Mas estávamoserrados, nossos algozes nos encontraram mesmo aqui.ALANA BLACK E OS DIAMANTES NEGROS43
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Entrevista comMARCELOJACINTORIBEIRO
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