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Revista_Black_Rocket_Ed5

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1— Bom dia, Tau 3! Mais um dia glorioso em Tau Ceti! Que belo dia para a colônia! Aqui é a suarádio colonial, transmitindo em todas as frequências para o estaleiro orbital e para os assentamentos! Evocês sabem que estou abusando da ironia, afinal quem tem o que reclamar do Consórcio Terra e de suasinstalações, não é mesmo? Mas deixando de lado as desgraças, vamos aos avisos! Temos alerta de tornadosno continente central, então a colônia 4 terá que fechar as escotilhas e suspender as operações demineração no meio da tarde. O aviso não se aplica às outras quatro, o.k., pessoal? Na colônia 2 teremoslimpezas das piscinas de decantação e das caixas d’água, portanto separem baldes e encham banheirasantes do fechamento das válvulas. Uma nave de suprimentos está vindo do nosso querido e longínquoSistema Solar, uau, lembraram-se da gente, não é fantástico? — O radialista ri da própria ironia perversa.— Ela traz equipamentos novos para a refinaria e para a estação da 4Diamonds, além dos suprimentosadicionais da Cooperativa de Alimentos e encomendas. Quem tiver seu número de rastreio pode ir diretamenteà agência. Certo, pessoal? Vamos começar o dia? Que tal um pouco de música?Indara tocou a tela e desligou o rádio. Continuou comendo seus cereais com leite de soja,agradecendo por ter conseguido comprar ao menos um pouco de leite naquela manhã. Os cereaisestavam mofados, mas fazer o quê? Vida de colono era assim mesmo, dizia seu pai. Uma vida dura,de privações, cansada. Todos vítimas do descaso.O alojamento da família era pequeno até para os padrões coloniais. Com o crescimento dacolônia acima da capacidade inicial estimada, como sempre acontecia, a administração tinha quecomprar novos blocos — o que era estupidamente caro — ou tinha que adaptar setores e remanejarequipamentos. Indara morava no que antes tinha sido um pequeno depósito de sobressalentes.Apenas dezesseis anos de idade. Indara deveria estar à caminho de uma universidadeàquela altura, mas precisaria sair do setor para estudar em outro lugar, o que não poderia fazer,já que não tinha dinheiro. Tau Ceti não tinha centros universitários. Tinha apenas dois cursostécnicos bastante concorridos na área de mineração e ela admitia que não gostava de estudar.Mastigava seus cereais murchos com leite fraco, olhando para a pequena cadeira no canto dasala. Seu irmãozinho gostava de cereais com leite. Seu irmãozinho não estava mais ali. A anemiaprofunda e a fome tinha levado seu pequeno companheiro havia apenas um mês.Deixando a tigela de lado, Indara vestiu seu agasalho puído, botou a mochila nos ombrose saiu do alojamento cobrindo a cabeça com o capuz. Bateu a porta com força para trancar.Conseguira trabalho na oficina civil de Tau 3. O Conselho da Juventude agora a tutelava, já quenão tinha mais um tutor legal e arrumou trabalho para ela assim que completaradezesseis anos. Mas ganhava tão pouco e gastara tanto com remédios para o paie para o irmão que o pouco que restava ia para a comida. Quando foram ameaçadosde despejo, a comida ganhou status secundário e o aluguel precisou serpago. Indara evitava pensar nisso, pois sempre vinha a bile na garganta, lembrandoo quanto odiava o Consórcio Terra e suas colônias sucateadas.Passou em frente ao Centro Médico e parou um instante.Não tinha coragem de visitar o pai. Não conseguiria olhar paraele e falar que o filho morrera. A fome e a situação de penúriao enlouqueceram e ele fora levado havia pouco mais deum mês para o sanatório colonial, uma ala dentro do CM.Tentou matar os filhos ao não substituir os filtros deCO 2por ser incapaz de alimentar a família. Sabia dewww.revistablackrocket.net -97

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