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Revista_Black_Rocket_Ed5

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Virou-se para a porta quando a ouviu deslizar. Dois servos entraram, mas não lhes deu importância,apenas quando o duque, um hatoloniano baixo usando joias em excesso, assomou àporta foi que a comandante fez uma leve mesura.— Barão Malaty. É uma honra poder recepcioná-lo aqui na fronteira do Império.Sentado atrás de sua escrivaninha, o Diácono Bafur meditava sobre a bipartição carne-alma.Sim, pois para ele não havia dúvidas de que todo ibadânio possui uma alma e essa alma só estavapresa à carne pelos frágeis laços da vida. Rompida essa delicada ligação, a alma estaria livre parahabitar qualquer outro invólucro e não necessariamente a mesma carne. Justo ele, que sempremantivera uma postura cética perante as coisas imateriais.Contudo os últimos eventos o haviam deixado menos pragmático, mais aberto aos mistériosdas intervenções divinas. Até dois ciclos antes vivia sem atribulações. Tinha seu lugar garantidodentro da estrutura eclesiástica, servindo diretamente ao Patriarca de Tar-Marat, homem sábio einfluente junto ao clero superior. Então o bom religioso falecera subitamente, um aneurisma cerebral.Seu clone, cinquenta ciclos mais jovem, assumira o cargo. Bafur, sempre prestativo, tratara de oferecerao novo superior as mesmas prendas que fornecia ao antecessor, afinal, mesma carne, mesmasnecessidades. Que tolo, a carne era a mesma, mas a alma era outra. Fora acusado de lascívia e pedofiliae exilado para a distante fronteira com o império hatoloniano, para servir a um abobado presbítero.Felizmente, Kazat, o Justo, não o abandonara. Quando estava para desistir de qualquer chancede ascensão social, Saarn, a Bela, se manifestou em beleza, luz e energia a poucos milhares dequilômetros da estação. Estavam abertas as sendas para o sucesso, e ele, Diácono Bafur, era umibadânio com perspicácia e coragem suficientes para atravessá-las.Realmente, aquele não era o dia de sorte de Lúcifer K. E não foi apenas o fato de ter perdidoparte dos ganhos na mesa de bacará. O que o incomodara foram os dois clérigos de Ibadan que oergueram pelos braços e o levaram para fora do cassino clandestino. Escoltado até os níveis interiores,foi introduzido numa sala mobiliada com caros e raríssimos móveis de madeira. O ar eraúmido e frio. Do outro lado da mesa, o Diácono Bafur sentava-se esparramado no que para LúciferK parecia um sofá.— Não sei o que está acontecendo, mas eu sou inocente — tratou de se justificar. — E tenhotodos os comprovantes de pagamentos dos impostos.Bafur agitou displicentemente um de seus quatro braços. Braços gordos ligados ao tóraxenvolto em largas camadas de tecido adiposo e que terminavam cada um em quatro roliços dedosenfeitados por anéis coloridos. As roupas largas de um amarelo-claro grudavam na pele marrom eúmida do ibadânio.— Eu sei, eu sei! Afinal sou eu quem emite os comprovantes por uma pequena e simbólicataxa. — Olhos pequenos e negros espreitaram pelas pálpebras gordas. — Soube que você tem umcargueiro-ligeiro?8AGUINALDO PERES

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