Ela sentiu levantar as sobrancelhas, com surpresa.— A reunião com a Polícia Federal não era daqui a duas horas? — perguntou ao se levantar.— Parece que é uma reunião especial. — A moça de cabelos pretos baixou o tom de voz.— Algo sobre os Controladores...— Entendo... — viu-se murmurar, embora não entendesse. Caminhou ao lado da desconhecidapelo o que deveriam ser os corredores de uma delegacia até uma sala de reunião pequena.Na porta estava escrito: “Unidade de Crimes Especiais”. Viu alguns homens e mulheres ao redorde uma mesa. Um homem de cabelos e bigodes grisalhos, e olhos inteligentes que transmitiamintegridade, voltou-se para elas.— Ah, Lídia, Renata. Por favor, sentem-se. O Rogério vai explicar porque convocou esta reunião.Renata... O nome parecia muito natural para ela... Seria esse seu nome?— Obrigado, Delegado Carvalho. — agradeceu o homem chamado Rogério, que usavauma jaqueta da Polícia Federal. — Como sabem, a Unidade de Crimes Especiais da Polícia de SãoPaulo e a Polícia Federal tem trabalhado junto com a Interpol e a polícia de outros países paradesmantelar o Organização dos Controladores, que comandam várias organizações criminosas e...Sou uma policial! De repente, sua mente finalmente aceitou a conclusão óbvia. E logo tevea chance de confirmar a segunda conclusão...— Temos razões para concluir que os Controladores contrataram o Homem da Areia paraeliminar vários membros do alto escalão da policia de São Paulo.Ela levantou a mão.— “Homem da Areia”, Rogério?— Sim, Renata. — Bom, sou uma policial e meu nome é Renata. Ficou animada, algumaspeças do quebra-cabeça estavam entrando no lugar. Rogério continuou. — Ele é um assassinoprofissional, procurado pelas organizações policiais e de inteligência do mundo inteiro, conhecidopor não deixar pistas e fazer com que as mortes pareçam suicídio, pelo menos no primeiro momento.É quase como se ele pudesse induzir as pessoas a se matarem...Subitamente a imagem se estilhaçou quando a dor dilacerante percorreu seu corpo. Aoabrir os olhos, viu a enfermeira sobre ela, com um sorriso pequeno e gélido.— Olá, Senhorita Misteriosa...Meu nome é RENATA!— Apliquei um tranquilizante para conter suas alucinações. Não podemos deixar sua cabeçaconfusa, não é? Pensar que você é policial... — A loira fez um gesto para mostrar o quanto aideia era absurda.Espere aí. Se não posso mover quase nenhum músculo e não posso falar, como ela sabeque penso ser uma policial?— Só a acordei para avisar que sua operação será em uma hora.52JOSHUA FALKEN
Operação? Que operação?— A gangrena em suas pernas está aumentando, e os médicos decidiram amputá-las. — Aenfermeira explicou, como se tivesse ouvido a pergunta.O quê?!? De jeito nenhum!— Creio que você não gostou da ideia, mas o que pode fazer para impedir?A enfermeira riu e saiu.É isso, tenho que sair daqui! Imediatamente, começou a planejar uma rota de escape. Masprimeiro tinha de saber se realmente podia mover objetos com a mente.Forçou os olhos para o lado até enxergar a seringa que aquela sádica tinha deixado. Começoua se concentrar, instintivamente se lembrando dos pensamentos necessários. A sensação surgiu,mas modulada... sob controle.A seringa começou a levitar no ar.Se pudesse falar, Renata teria dado um grito de alegria.Com a presença do poder e sua capacidade de controla-lo confirmadas, embora a últimaapenas aparentemente, definiu sua linha de ação.É agora ou nunca. Cuidadosamente, começou a levantar a cabeça e o tronco, até queestivesse sentada. Sentia uma pressão nos ombros, como mãos invisíveis. O lençol foi lançado nochão sem que ninguém o tocasse. Suas pernas foram puxadas para o lado direito e a força do puxãofez que ela caísse, a cabeça para fora do leito.Isso vai dar dor no pescoço, pensou cinicamente.Novamente se colocou sentada. Respirou fundo e se concentrou.Levantou e começou a andar, ou melhor, a fazer uma paródia desse movimento, similar ade um fantoche.Agora sei como Pinóquio se sentiu.“Caminhando” lentamente até a porta, usou sua telecinese para abri-la... e olharpara o nada.Não para um corredor de hospital, não para um beco, não para um terreno baldio... maspara o nada. Apenas uma silenciosa escuridão infinita.O choque causado por aquela escuridão impossível fez com que perdesse a coordenação ecaísse sem cerimônias no chão do quarto.Onde... eu... estou...?Sentiu algo grudento no chão, onde sua mão direita tinha caído.... Algo vermelho-escuro...Sangue.Mas não seu sangue. Ele brotava do chão, ou melhor, o chão se transformava numa películade sangue em coagulação.Em pânico, Renata usou sua telecinese para se jogar do outro lado da sala, batendo o corpode mau jeito numa das paredes. Isso não pode ser real, implorava em silêncio. De repente, umamão saiu da parede, estrangulando-a por trás.A SÍNDROME DO APRISIONAMENTO E A FÊNIX53
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Não somos terroristas, porra!, ela
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“Gentileza gera gente folgada”V
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anteriores à chegada dos invasores
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Entrevista comMARCELOJACINTORIBEIRO
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