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TÍTULO DA HORA COM MUITAS LINHAS!<br />
Observa-se, aqui, a relação de um homem que não gosta<br />
de trabalhar, mas que segue o conselho de sua mulher e tenta<br />
fazê-lo, ainda acreditando que forças divinas irão impedi-lo,<br />
para seu próprio bem. Essa visão também está relacionada ao<br />
modo como o autor enxerga o desenvolvimento da cidade,<br />
ligando o fato de que o progresso urbano e coletivo só irá<br />
acontecer caso ele e toda a cidade se esforcem e trabalhem para<br />
isso. Mas indo na contramão do que a cidade precisa, o autor<br />
relata ter passado muito tempo na boemia e em festas, e de<br />
certa forma, parece admitir que isso não contribuiu em nada<br />
para um êxito coletivo, apenas para satisfação pessoal.<br />
A canção porém é carregada de significados que vão além<br />
da compreensão direta de que o progresso da cidade tem<br />
origem no trabalho. Se analisada a maneira como foi composta,<br />
com os desvios na norma culta de linguagem, com destaque<br />
para a grafia da palavra “pogréssio”, por exemplo, é possível<br />
estabelecer um contraponto que perpassa várias composições<br />
de Adoniran, mas que nessa em especial apresenta grande valor<br />
simbólico. Ao fazer uso desta grafia o autor fortalece o quão<br />
discrepante pode ser o cenário metropolitano. Pode-se<br />
compreender que o tal desenvolvimento urbano atinge de<br />
forma diferente os diversos habitantes de um mesmo espaço, e<br />
a falta de erudição, ou de acesso à educação faz com que muitos<br />
vejam tais transformações como “pogréssio”, e não como um<br />
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