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Adoniran Barbosa e a lírica do “pogréssio”<br />
anterior, pois como se tivessem ficado traumas da expulsão e<br />
não desejasse que o infortúnio se desse novamente, e para<br />
tanto, acaba contando com a ajuda de alguns amigos. Nesse<br />
sentido, as relações com habitação na metrópole passam de<br />
ocupações ilegais – mas que traziam felicidade – para casas<br />
construídas conforme às leis e por isso dão orgulho à<br />
personagem que sente que finalmente estará seguro e não<br />
precisará passar novamente pela situação de ser desocupado.<br />
Marcos Virgílio da Silva (2011) em seu trabalho sobre o<br />
progresso dos “de baixo” analisa como pode ser vista a cidade<br />
de São Paulo sob uma perspectiva dos socialmente excluídos.<br />
Ele destaca que, no que diz respeito às composições de<br />
Adoniran, há sempre uma opção por descrever lugares centrais<br />
da cidade, ou quando tratado de periferias, essas são da Zona<br />
Norte e Leste, e em alguns casos, Zona Sul, porém, “[...]<br />
omitindo sempre o quadrante sudoeste, direção histórica do<br />
crescimento e do deslocamento das camadas mais altas.” (SILVA,<br />
2011. P.187). Silva ainda trata dos espaços citados por Adoniran<br />
e outros sambistas em suas canções, e observa como a<br />
frequência que palavras como “rua”, “casa” e “favela” são mais<br />
frequentes nos discursos se comparadas a palavras de um<br />
vocabulário mais elitizado para a época, traçando-se então uma<br />
relação entre os ambientes citados e o cotidiano possivelmente<br />
relacionado a seus frequentadores.<br />
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