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TÍTULO DA HORA COM MUITAS LINHAS!<br />
local: “[...] Mas não vá sozinho, meu senhor/ Que o senhor vai se<br />
perder [...]”. Ao demonstrar que sente falta de outros elementos,<br />
como o relógio, de o barulho do bonde, os engraxates, ou de<br />
ações recorrentes no local, como a fuga dos vendedores<br />
ambulantes da polícia, Adoniran deixa clara uma relação<br />
afetiva com o lugar Além disso, a enumeração de tantos<br />
elementos, aparentemente sem importância perante o progresso<br />
da cidade, só reforçam ainda mais a ideia que são de fato<br />
relevantes para quem frequenta o espaço, dando mais peso<br />
ainda aos fatores humanos da praça.<br />
Não se trata de um sentimento de do que é novo, de não<br />
querer ou não aceitar as mudanças. 20 Talvez se trate, antes de<br />
qualquer coisa, do receio de não ser capaz de reagir<br />
positivamente às alterações, de perder-se no meio de todas elas,<br />
além de não ser capaz de reconhecer-se a si próprio perante<br />
tantas mudanças. Supõe-se que o medo das transformações na<br />
cidade pode estar relacionado ao medo de mudanças das<br />
pessoas e de si mesmo, dentro de uma lógica de perda de<br />
referências. Talvez seja aí esteja a origem o medo do novo e do<br />
desconhecido: trata-se do receio dele mesmo – de Adoniran e<br />
de todo sujeito que habita a metrópole - ser esquecido. Encarar<br />
que a cidade estava em transformação era de certa maneira,<br />
aceitar que a sociedade também estava. E com questões sociais<br />
20 VER ANEXOS II SOBRE A RELAÇÃO COM SIMMEL.<br />
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