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TÍTULO DA HORA COM MUITAS LINHAS!<br />
de certo modo fez com que a vida nesses bairros fosse geradora<br />
de assuntos e temáticas próprias, um saber específico que não<br />
alcançava os salões de arte. Essas relações populares<br />
mostravam-se mais fortes em si mesmas e foram capazes de<br />
gerar suas próprias cidades e culturas.<br />
Segundo Paoli e Duarte (2004), durante esse período, a<br />
Mooca era uma das opções mais baratas de moradia; já o Brás<br />
era um bairro que exigia um poder aquisitivo um pouco maior,<br />
e Vila Prudente e Penha eram mais afastados do centro. Esses<br />
bairros apresentavam grande pluralidade e diversidade<br />
cultural, e as festas e eventos esportivos eram espaços para as<br />
manifestações e pontos de convergência de ideias e<br />
sociabilizações. Nesses espaços de sociabilidade, as conversas<br />
adquiriam tons politizadores, entre os próprios operários,<br />
dando a eles uma noção de consciência social e política.<br />
Se as fábricas, em geral, produziam uma<br />
sociabilidade mais defensiva, as experiências sociais<br />
de longo alcance eram gestadas nesses espaços<br />
comuns do bairro, era aí que se construía uma<br />
identidade coletiva que dava aos bairros populares<br />
sua fisionomia singular. As atividades sociais<br />
ligadas às festas e às práticas esportivas,<br />
principalmente ao futebol, foram, muitas vezes, o<br />
eixo da mobilização popular. (PAOLI e DUARTE,<br />
2004. P. 93).<br />
No processo de conformação das camadas populares em<br />
São Paulo destaca-se também uma figura externa à capital<br />
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