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Adoniran Barbosa e a lírica do “pogréssio”<br />
habitantes, e pode até ser causador da separação entre dois<br />
amantes, e consequente sofrimento.<br />
Medeiros (2011) analisa “Trem das Onze” – e o presente<br />
trabalho concorda com tal análise – sob o ponto de vista da<br />
responsabilidade que o filho teria para com sua casa e sua mãe.<br />
Essa noção estaria relacionada com o fato de que, dentro da<br />
multidão metropolitana, repleta de desconhecidos e pessoas<br />
que não conseguem se relacionar, a personagem teria destaque,<br />
e por isso até certo “mérito”, afinal tinha casa e família, não era<br />
“um qualquer” no cenário urbano, e mostrava-se responsável<br />
com seus compromissos. Outro fator levantado pela autora diz<br />
respeito ao fato da mãe dizer que não consegue dormir<br />
enquanto o filho não retorna para casa, muito provavelmente<br />
por conta das preocupações que sentia com o filho fora de casa<br />
durante a noite. Tal interpretação pode trazer a ideia de que a<br />
cidade já se encontrava com algum cenário de violência, visto<br />
que, caso a cidade fosse segura para se permanecer na rua após<br />
às onze horas da noite, não haveria, portanto, motivos para a<br />
mãe se preocupar. Nesse sentido compreende-se que habitar a<br />
cidade de São Paulo traria sempre a ideia de constante<br />
vigilância, tanto com os bens materiais quanto com os entes<br />
queridos, pois a cidade já estaria caminhando para uma falta de<br />
tranquilidade.<br />
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