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TÍTULO DA HORA COM MUITAS LINHAS!<br />
constantemente, “Guenta a mão João”, onde a frase funciona<br />
como um conforto, mas também acaba se tornando uma<br />
reflexão. Silva (2011) destaca, porém, que o fato de construir um<br />
novo barracão melhorado não significa que a vida dele irá<br />
melhorar, apenas que ele tem capacidade e amigos para<br />
auxiliarem na construção de um novo lugar para viver. O<br />
motivo do desastre é uma chuva forte 15 , provavelmente com<br />
ocupações irregulares, os barracões, e com pouca ou nenhuma<br />
estrutura de amparo urbana. As vítimas da tempestade só<br />
teriam como recorrer aos próprios amigos, já que não se cogita<br />
buscar outro tipo de auxílio.<br />
Nota-se certa contradição no fato de que o narrador pede<br />
que João mantenha a calma pois está “apenas” sem a sua casa,<br />
como se o fato de não ter onde morar já não fosse trágico o<br />
suficiente, ele ainda lembra que pode haver situações ainda<br />
piores. A comoção atinge o ápice quando diz “[...]O Cibide ta que<br />
ta dando dó na gente [...]”, onde também se vê certa solidariedade<br />
com o amigo e a compaixão com quem perdeu ainda mais. Ao<br />
enunciar que João perdeu só a cama, supõe-se que os pertences<br />
dele não sejam muito mais do que a própria cama. Já o outro<br />
15 Vale notar que no ano de 1965 as tragédias decorrentes de desastres<br />
naturais como chuvas e inundações já eram recorrentes na cidade, pelo<br />
menos em áreas menos privilegiadas economicamente. Mesmo estando sob<br />
constantes reformas e remodelações, parece nunca ter havido espaço para<br />
resolver problemas como esses ligados diretamente à falta de planejamento e<br />
ocupação do território urbano.<br />
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