Aprendizagem musical no canto coral - CEART
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Embora as questões que originaram o trabalho tenham surgido da convivência com<br />
os alu<strong>no</strong>s participantes do Coral Jovem do IAESC, não tínhamos inicialmente a intenção de<br />
realizar a pesquisa com este grupo. Contudo, ao longo do planejamento da pesquisa, este<br />
espaço foi se destacando como um campo repleto de possibilidades para que o trabalho<br />
acontecesse. Durante dois a<strong>no</strong>s fui uma das responsáveis pelo <strong>coral</strong>. Porém, pouco depois de<br />
ter ingressado <strong>no</strong> mestrado me desliguei das atividades <strong>no</strong> Instituto a fim de me dedicar<br />
melhor à pesquisa. A partir da opção metodológica escolhida – o estudo do tipo et<strong>no</strong>gráfico –<br />
e uma vez que não possuía mais vínculos empregatícios com o IAESC, a possibilidade de<br />
utilizar este espaço como o ambiente da pesquisa foi se solidificando. Além do conhecimento<br />
prévio do grupo e de seus hábitos, a escolha deste espaço justificou-se pela disponibilidade do<br />
local em participar da pesquisa e pelas características do grupo, alu<strong>no</strong>s que convivem durante<br />
todo o tempo juntos em um mesmo espaço.<br />
Na perspectiva antropológica, o espaço escolhido para a pesquisa destaca-se por<br />
peculiaridades que podem se constituir em pontos importantes para reflexão ao longo do<br />
processo de pesquisa. Dentre estes, destacamos o caráter confessional da instituição, o que<br />
levantou uma série de questões a respeito das concepções de música, de como os alu<strong>no</strong>s se<br />
relacionam com esta arte, e das experiências que têm nestes contextos. Outro fator é o regime<br />
de internato oferecido pela instituição, como mencionado acima. Neste espaço, o convívio dos<br />
coristas não se limita aos ensaios e apresentações do coro, nem tão pouco às atividades<br />
escolares. Antes, perpassa o cotidia<strong>no</strong>, nas horas de estudo e lazer.<br />
Como métodos de coleta de dados, escolhemos instrumentos que se harmonizassem<br />
com o paradigma interpretativo e com a abordagem et<strong>no</strong>gráfica. Estes deveriam gerar dados<br />
que possam ser analisados qualitativamente. Para tanto, estabelecemos desde o projeto de<br />
pesquisa que utilizaríamos a observação e a entrevista como principais meios de coletar<br />
dados. Antes de irmos a campo, buscamos compreender um pouco melhor quais as<br />
características destes dois métodos de coleta de dados bem como as suas qualidades e<br />
deficiências.<br />
Um fator que contribuiu para que pudéssemos planejar a fase de coleta de dados com<br />
mais clareza foi o fato de já conhecermos o local da pesquisa. Estando familiarizados com os<br />
hábitos, o cotidia<strong>no</strong> e algumas das situações que poderiam ser encontradas em campo,<br />
pudemos reduzir o tempo usualmente empregado na adaptação do pesquisador ao ambiente.<br />
Uma primeira imersão <strong>no</strong> universo da pesquisa aconteceu durante um final de<br />
semana. Hospedada dentro do próprio colégio, foi possível conversar com vários alu<strong>no</strong>s bem<br />
como com o regente do <strong>coral</strong> e o diretor da escola. Nesta fase, que chamamos de exploratória,<br />
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