Aprendizagem musical no canto coral - CEART
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O processo de entrada e saída de membros de uma comunidade e as influências desta<br />
dinâmica são entendidos por Wenger e Lave (1991) como importantes <strong>no</strong> desenvolvimento da<br />
comunidade de prática. Segundo eles, “mudanças de localização e perspectivas são parte da<br />
trajetória de aprendizado dos atores, desenvolvendo identidades e formas de ser membro”<br />
(LAVE e WENGER, 1991, p. 36 – tradução <strong>no</strong>ssa). Desta forma, à medida que o<br />
envolvimento com a atividade e a comunidade aumenta, o membro adquire mais participação<br />
e torna-se mais apto a auxiliar os membros <strong>no</strong>vos.<br />
A chegada ao colégio, que para muitos é também a entrada nesta comunidade, é um<br />
processo de adaptação intenso e crucial. As dificuldades encontradas pelos alu<strong>no</strong>s nesta etapa<br />
inicial são distintas. Uma vez que a convivência não se restringe ao período em que estão em<br />
aula, antes, inclui momentos de lazer e de descanso, o aspecto social parece ter o enfoque<br />
principal nesta fase. Para muitos destes alu<strong>no</strong>s é a primeira vez que estão longe de casa e dos<br />
familiares, que tem de limpar seu próprio ambiente e cuidar de suas roupas e pertences.<br />
Precisam também administrar a saudade dos amigos e do lar, o que constitui um<br />
amadurecimento para a maioria deles.<br />
O modo como os alu<strong>no</strong>s vetera<strong>no</strong>s e <strong>no</strong>vatos se vêem dentro do grupo foi assunto das<br />
entrevistas realizadas com os três grupos. As opiniões, apesar de distintas, apontam para uma<br />
mesma direção. Os alu<strong>no</strong>s que estão <strong>no</strong> colégio desde o seu primeiro a<strong>no</strong> de funcionamento,<br />
ou seja, há três a<strong>no</strong>s, não assumem a existência de qualquer tipo de preconceito nem<br />
consideram a indiferença com relação ao grupo de alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vatos. No entanto, quando<br />
questionados sobre como se sentiam em relação aos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos, expressaram sua frustração<br />
em alguns aspectos, o que poderia ser contraditório com as afirmações anteriores.<br />
Marcelinho – Porque assim. Às vezes <strong>no</strong> ensaio do <strong>coral</strong>, tem dois vetera<strong>no</strong>s. Só eu<br />
e o Filipinho, só. Aí a gente vai cantar uma música antiga já do <strong>coral</strong> Ai tem... oito<br />
baixos, lá, <strong>no</strong>vos que tipo...<strong>no</strong>ssa..não fazem idéia da música. O que é <strong>no</strong>rmal, né!<br />
Ai, tipo, fica nós dois lá, aí <strong>no</strong> meio daquele....aí a gente começa a cantar...<br />
Heitor – E sabe que, a gente sente mais isso por causa que o auge do <strong>coral</strong> é <strong>no</strong> final<br />
do a<strong>no</strong> quando a gente vai pra tour, né. E daí, o <strong>coral</strong> está assim...bem filé...bem<br />
afinadinho, tal! Aí se entra <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo a<strong>no</strong>, tal...Chegam os <strong>no</strong>vos, daí parece que<br />
trava.<br />
Alice – É, a gente se lembra dos dois a<strong>no</strong>s passados, que a gente ensaiou um monte.<br />
Aí parece que volta tudo a estaca zero. Tudo de <strong>no</strong>vo a gente tem que ensaiar.<br />
Heitor – É verdade<br />
Lívia – Eu ainda acho que um dos melhores a<strong>no</strong>s... Que o melhor a<strong>no</strong> do <strong>coral</strong>,<br />
destes três, foi o a<strong>no</strong> passado. Porque ficou um meio termo, tipo...entre vetera<strong>no</strong>s e<br />
<strong>no</strong>vatos. Daí...<br />
Heitor – E aí estava bem entrosado.<br />
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