Aprendizagem musical no canto coral - CEART
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Marcelinho – Acho que os dois.<br />
Rebeca – É...tipo...os dois. (Entrevista, Grupo III, 11 de maio de 2010).<br />
Receba menciona o aprendizado de determinados “termos”. Interessante que a aluna,<br />
com auxílio de outra colega, diferencia estes termos em dois grupos: os termos musicais e os<br />
termos “dos bastidores do <strong>coral</strong>”. Estes termos criados pelos próprios alu<strong>no</strong>s ou regente para<br />
ilustrar alguns trechos musicais ou o resultado que se espera de alguma parte, acabam por<br />
compor o vocabulário dos <strong>canto</strong>res. Esta incorporação de símbolos e significados ao cotidia<strong>no</strong><br />
do <strong>coral</strong> é explicada por Wenger (1998) como uma das dimensões da prática nas comunidades<br />
de prática. Estas criações e atribuições de significado constituem-se em um repertório<br />
compartilhado, que é dominado apenas pelos membros de determinada comunidade de<br />
prática. Este repertório, por sua vez, caracteriza e une os membros, atribuindo certa<br />
personalidade ao grupo.<br />
Embora distintos aprendizados sejam enumerados pelos alu<strong>no</strong>s, os aspectos que<br />
mencionamos <strong>no</strong>s parágrafos anteriores, inerentes à atividade <strong>coral</strong> foram destacados pela<br />
quantidade de vezes que foram citados. Também é interessante o fato de que não existe uma<br />
diferenciação por parte dos entrevistados entre os aprendizados que aconteceram formalmente<br />
nas aulas de instrumento ou da escola de música e o aprendizado proporcionado pelas<br />
experiências <strong>no</strong> <strong>coral</strong> ou pelas convivências sociais <strong>no</strong>s momentos de lazer. Desta forma, para<br />
o alu<strong>no</strong> não existe uma categorização de aprendizagem por espaço educativo. As práticas<br />
musicais, tanto as que ocorrem em espaços formais de educação quanto as que ocorrem em<br />
ambientes não-formais, são responsáveis pelo desenvolvimento e aprendizado <strong>musical</strong>,<br />
independentemente de sua origem.<br />
Neste sentido, Queiroz (2005) destaca a variedade de situações que podem<br />
proporcionar aprendizagem <strong>musical</strong>. O autor também menciona que “não existe nesse<br />
universo uma situação exclusiva de aprendizagem, programada e desenvolvida como tal, mas<br />
sim uma heterogeneidade de sistemas naturais de transmissão que se consolidam tanto na<br />
performance como <strong>no</strong>s diversos momentos que a envolve”(QUEIROZ, 2005, p. 129).<br />
Outro ponto destacado nas entrevistas demonstra relação com os conceitos de<br />
Wenger (1998) sobre os múltiplos aprendizados que podem decorrer de uma mesma prática.<br />
Embora todos os participantes do <strong>coral</strong> tenham acesso às mesmas atividades, quando<br />
questionados sobre seus aprendizados, diferentes pontos são mencionados. Os conteúdos da<br />
aprendizagem destes participantes refletem um pouco do seu processo de desenvolvimento<br />
<strong>musical</strong>. Aqueles que já tiveram contato por maior tempo com a música e a prática <strong>coral</strong><br />
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