Aprendizagem musical no canto coral - CEART
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Marie – Não, tipo assim. Eu, particularmente, gosto de sentar perto de pessoas que<br />
me passam segurança. Então, independente de ser vetera<strong>no</strong> ou <strong>no</strong>vato, é bom porque<br />
me passa aquela segurança na hora de cantar. Normalmente eu sento do lado de<br />
vetera<strong>no</strong>s, porque eles já sabem a música, já estão mais seguros do que eles vão<br />
cantar. Não que os <strong>no</strong>vatos não estejam, mas é diferente.<br />
Sara – Sim, às vezes pode até haver uma separação. Mas não pelo fato de que “você<br />
é vetera<strong>no</strong> e eu sou <strong>no</strong>vato”. Mas porque o grupo de amigos que formou já é<br />
diferente. Os vetera<strong>no</strong>s já tinham o seu grupo de amigos, e aí continuam. Aí às vezes<br />
entra um. Tipo, a minha prima estudou aqui <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado. Aí, quando eu cheguei<br />
aqui eu já fiz amizade com algumas amigas dela. Então, pra mim já é mais fácil me<br />
enturmar com alguns vetera<strong>no</strong>s. Mas tem gente que é muito envergonhado. Tem<br />
gente que não consegue fazer amizade. Então, acaba formando um grupo de amigos<br />
de <strong>no</strong>vatos, e ficam ali mesmo (Entrevista, Grupo I, 19 de maio de 2010).<br />
Os depoimentos de Marie e Sara concordam em muitos aspectos com o que os<br />
grupos anteriores mencionaram. Embora sejam parte do grupo de alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vatos, que<br />
algumas vezes fica separado dos outros, as entrevistadas consideram esta divisão <strong>no</strong>rmal e<br />
resultante das afinidades entre as pessoas de um determinado grupo. Elas também reconhecem<br />
que a timidez contribui para que haja pequena interação entre eles.<br />
A resposta de Marie traz à discussão outro aspecto relevante <strong>no</strong>s dados coletados.<br />
Segundo a aluna, a segurança e a experiência <strong>no</strong> cantar não é uma qualidade somente dos<br />
vetera<strong>no</strong>s. Esta afirmação acrescenta outros sujeitos ao cenário, e outras formas de ver o<br />
desenvolvimento <strong>musical</strong> dos alu<strong>no</strong>s, extrapolando a divisão socialmente construída e<br />
também utilizada por este grupo, a das séries escolares. Desta forma, embora os próprios<br />
membros da comunidade do Coral Jovem do IAESC reconheçam a divisão das séries e tempo<br />
de permanência <strong>no</strong> instituto como fator influente <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>musical</strong>, outros fatores<br />
como a segurança, a personalidade e a experiência <strong>musical</strong> contribuem para que um corista<br />
seja considerado experiente na prática exercida pela comunidade.<br />
A experiência na atividade desempenhada pela comunidade é parte central do<br />
processo de interação de acordo com Lave e Wenger (1991). O conceito de „comunidade de<br />
prática‟ propõe que a aprendizagem acontece mediante a participação dos membros da<br />
comunidade em determinada atividade. Seu desenvolvimento na atividade realizada pela<br />
comunidade aumenta à medida que sua participação torna-se mais freqüente. As opiniões<br />
expressas pelos alu<strong>no</strong>s entrevistados mostram este processo. Perguntamos aos alu<strong>no</strong>s dos<br />
grupos que participam do <strong>coral</strong> há um a<strong>no</strong> ou dois se eles se sentiam melhores que os alu<strong>no</strong>s<br />
que chegaram este a<strong>no</strong>. A resposta de Marcelinho mostra que os alu<strong>no</strong>s também reconhecem a<br />
experiência como parte importante <strong>no</strong> processo de aprendizado <strong>musical</strong>.<br />
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